Sempre digo que, para eu ser feliz, não necessito de muita coisa. Para mim, hoje, o dia nasceu belissimamente iluminado, apesar da instabilidade do tempo. O motivo de minha incipiente felicidade diária é a publicação de mais um texto meu em Zero Hora. Escrevi-o centrada num acidente que envolveu uma família que amo muito. Sofri e chorei com eles. Testemunhei o seu longo e quase insuportável sofrimento, em que me inspirei, à época, para escrever esta crônica.
Mantive-a trancafiada nos arquivos eletrônicos. Por incentivo de meu amado filho Rodrigo, aperfeiçoei-o e, ontem, pela tarde, enviei à redação de Zero Hora, o mais importante jornal gaúcho. Foi publicado hoje, menos de 12h depois de remetido. Como muitos de meus leitores não assinam ZH ou a ele não têm acesso, reproduzo o meu texto aqui.
Confiram:
O outro lado da dor
Ao tomar conhecimento de trágicos acidentes ocorridos em ruas ou em estradas brasileiras, por instintivo e gradual sentimento de preservação, a sociedade se comove e, raramente, consegue estabelecer um julgamento desapaixonado e isento sobre tão nefastos episódios. Devido às indizíveis mazelas desencadeadas por esses fatos estarrecedores, as pessoas voltam-se, irascivelmente, contra o causador do infortúnio, caso tenha conseguido sobreviver a ele. Comiseração e solidariedade encimam demonstrações afetivas para com os familiares dos acidentados, especialmente se resultar em óbitos ou mutilações.
Parentes e amigos, rememorando as vítimas, fazem aflorar a falibilidade delas, gestando inominável sofrimento naqueles que as rodeiam, não raro acompanhado de ódio e revolta contra o mentor do acidente. Se meros desconhecidos, uma estranha sensação de alívio escamoteia a piedade por não constarem em seu rol de afetos, por isso o sofrimento se faz menor ou a indiferença sobrepuja qualquer outro sentimento. Fazem-se compreensíveis tais posicionamentos, uma vez que esse tipo de evento poderia ser evitado, se o infrator obedecesse às normas de trânsito, não bebesse, refreasse a impetuosidade e se houvesse, nas vias públicas, melhores condições de trafegabilidade. Lamentavelmente, as estratificações sociais olvidam o anverso dessa tragédia.
Só quem conviveu com algum condutor de veículo que escapou com vida e foi o causador do infeliz acontecimento, pode aquilatar a extensão do infortúnio que se abate sobre ele e sua família. Nos pais, ecoa irreprimível sensação de culpa e impotência por não anteverem a tragédia, ao mesmo tempo, sentem-se gratos por não ter sido um dos seus a vítima. Esse misto de culpabilidade e gratidão acompanha todos os envolvidos por longo tempo, cujo desenlace, além de se fazer pontuar por desgastes financeiros e emocionais infindáveis, quase sempre se corporifica em isolamento individual por vergonha ou por medo de enfrentarem o julgamento das pessoas conhecidas e dos parentes daqueles que tiveram vidas ceifadas ou danificadas.
Para que essa hecatombe social seja banida do país, é mister que os membros da sociedade motorizada repensem o seu papel de condutores e façam do prazeroso ato de dirigir uma lição de cidadania ao respeitar as leis de trânsito, servindo como referenciais a serem seguidos. Com isso, seus descendentes assimilarão as lições de como bem conduzir automóveis empiricamente, aperfeiçoando o aprendido junto a instrutores especializados, a fim de que não se valham do veículo como uma arma que pode ceifar a própria existência e a de outrem. Havendo prudência, observância às normas de trânsito, profundo respeito à vida (sem bebidas), as ruas e as estradas (sem buracos) do Brasil servirão como sendas da confiabilidade e retorno seguro para os lares.
Meu querido Anjo Número Dois! Desta vez vou ter que me render ao comentário que fizeste em relação ao outro texto meu publicado, neste ano em ZH. Enviei e-mail para todos os meus amigos pessoais e virtuais sobre a publicação de mais um texto e, quando é para recriminar ou mandar correntes de rezas, mesmo sabendo que sou agnóstica, enchem a minha caixa eletrônica. Sobre a publicação de meus artigos, nada! Como se fosse comum ter um escrito publicado naquele importante jornal. Tens razão, mas as pessoas não se sentem confortáveis com o sucesso da gente!
ResponderExcluirVou ter que te "dar a mão à palmatória"!
Um forte abraço.
Arlete,em primeiro lugar,mais uma vez meus parabens por ter mais uma publicação tua em Zero Hora,e não é qualquer espaço,é quase uma meia página.Quanto a ausência dos amigos é normal,venho dum meio,militar,quando trocava de carro,ou trabalhava no rancho ou a espôsa ganhava mais que o marido,é pura inveja.Mas a resposta estas dando e calando os conterraneos.Só faço uma sugestão,após o Professora colocas Santiago.Parabéns tu és merecedora.Bom final de semana.O maridão deve estar super orgulhoso,bem como os filhos e netos.
ResponderExcluirArlete,
ResponderExcluirparabéns!
Arlete, querida!!
ResponderExcluirParabéns pelo txt. Tdo q faz referência a este tipo de reflexão deve ser sempre trazido a público. Só quem nunca teve uma perda assim na família não tem idéia do que se passa. Eu já tive na minha e entendo bem esse sofrimento... Querida, de toda forma, vim dizer q, como sempre, um primor! Parabéns de coração!! Beijos saudosos! Carlota :D
Querida,
ResponderExcluirLi tua crônica no jornal de ontem.
Maravilhosa... real... marcante.
Parabéns
Bj
Lola
Parabéns Prof.ª Arlete pelo belo texto que escreveste uma mensagem que nos faz refletir sobre o nosso dia a dia e admirá-la ainda mais pelo belo trabalho que vem fazendo ao longo dos anos.
ResponderExcluirTenho um novidade que quero compartilhar com a amiga, fui APROVADO NO DOUTORADO.
UM ABRAÇÃO DO AMIGO VANDERLEI
Show de bola, mamãe, segue anexo a "versão" da zero hora.
ResponderExcluirBeijãooooooooooooooooo
O teu Rodrigo
Bom dia Arlete
ResponderExcluirOntem a noite tive oportunidade de ler na Zero Hora mais um belo texto escrito por você.Parabéns pela riqueza da mensagem, pela maneira inteligente e dinâmica utlizada em todo seu conteúdo e, oxalá todas as pessoas que a lerem, realmente possam refletir sobre sofrimento e dor que não é exclusividade nossa, mas de todos aqueles que nos cercam.
Abraço.
Gilberto