Neste dia, amanheci cansada e com uma carência terrível de deitar-me no colinho de minha mãe, contar-lhe o que me deixa triste e sentir que sou amada por ela. Lamentavelmente, só posso fazê-lo na intenção, na vontade de tê-la comigo outra vez. A isso eu chamo de eternidade, ou seja, essa capacidade renovada de trancafiar na memória todos os nossos amores e, mesmo que já tenham morrido, a lembrança deles permanece entre os que o amaram e continuam amando-os. Como não posso acomodar-me no regaço materno, faço-o através dos versos de Vinícius.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doida ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fronte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: Filha, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão, que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, minha filha, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.
Vinícius de Moraes
Rosas para ti, mãezinha querida!
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doida ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fronte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: Filha, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão, que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, minha filha, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.
Vinícius de Moraes
Rosas para ti, mãezinha querida!
Mana querida!
ResponderExcluirCoisa mais linda, estou em lágrimas, voltei ao dia 22 de julho de 2009, qunado consegui uma carona e pude ver nossa mãezinha viva e lúcida. Pude sentir o aconchego e o carinho de uma pessoa consciente de que seus dias já começavam a se esvair. Sempre foi meu porto seguro e como tal me incentivou a continuar lutando para faer o meu pé de meia como dizia sempre porque ela não tinha herança para me amparar... que saude, que dor... mas sei que de onde ela está sempre cuidará de nós e nos dará aconchego.
Sempre que leio a tua escritas penso nos livros que poderías editar, juntas faríamos o lançamento e a promoção dos mesmos... mas sempre esteve em nossa frente o bem de pouco e mal de muitos o dinheiro...
Quantos benefícios as pessoas teriam com a edição de teus livros ... não imaginas o quanto sonho com isso!
Mas o blog já nos dá uma dimensão de tua propositura e tenho divulgado entre amigos para que conheçam a riqueza dos teus textos.
deculpa-me se cometi alguns erros e detonei com o português, mas estou muito emocionada.
Obrigada por compatilhares o teu imenso saber!
Adejane M Gudolle
quiz dizer que saudade...
ResponderExcluiras tuas escritas
desculpa-me
Bjus
ADEJANE
Bom dia, Djeine querida! Como adoro os teus comentários. Elevam o meu ego e me induzem a tentar sempre me tornar mais humana, mais amorosa, prestativa, porque o tempo para isso se estreita e é preciso não desperdiçá-lo.
ResponderExcluirAdorei também que os vínculos de sangue estão fortíssimos, via Zaidinha.
Quanto a livros, não os publico por comodismo mesmo. Santiago, por ser "a Terra dos Poetas", embora a Rosane Vontobel, uma professora universitária, tenha criado um projeto que incentiva a publicação de livros e o Centro Cultural, dirigido pela Enadir Vielmo, que foi tua professora de Geografia, que também incentiva novos autores, financiando-os inclusive, nunca me interessei por isso.
No Brasil, só ganha dinheiro com livros quem tem a TV ou os jornais como parceiros. O resto...
Um beijão.
Ah! Continuo com a ideia: de graça, não trabalho nem para Deus...
ResponderExcluirPingando lágrimas do meus olhos e do meu coração, que texto lindo, ainda mais hoje que li, pois era tudo o que eu queria...um colinho teu!
ResponderExcluirTe amo!
Filha, amada minha!
ResponderExcluirTambém eu ando carente de contato físico, de beijos e de abraços de todos os meus afetos e dos teus, nem se pode medir o quanto os almejo.
Assim é a vida. Há um tempo para chorar, um tempo para amar, um tempo para velar os seus e, para sorte de todos nós, um tempo para sorrir! E dia 11 já está quase aqui.
Sao lindas as suas palavras,só entendem quem já perdeu,eu pedir a minha a exatos 5 meses.
ResponderExcluirQuerida ou querido! Lamentavelmente, o verdadeiro apreço que deveríamos evidenciar enquanto nossos amores (pai, mãe, amigos,...) estão vivos, só conseguimos exteriorizar com sua mais verdadeira dimensão é depois que morrem. Uma pena! E é, exatamente por isso, que sofremos ainda mais.
ResponderExcluirAbraços