Palavras ao Vento é fruto de uma necessidade interior de corrigir deslizes orais ou escritos, presenciados no cotidiano; mostrar a urgência de se fazer da educação prioridade nacional; discorrer sobre trivialidades, mostrando o porquê disso ou daquilo e destacar a força que a palavra tem naqueles que captam o sentido das entrelinhas.
domingo, 14 de novembro de 2010
O Mapa (Mario Quintana)
Quem não se encanta com a poética de Mario Quintana, com seu olhar, misto de doçura e sarcasmo com as coisas, com as pessoas, com a vida e com o seu destemor diante da morte?
Comprovem isso, bebendo cada palavra, embriagando-se com o jeito dele de se extasiar diante da fragilidade da vida e de encarar, com tranquilidade, a finitude de seu viver.
Leiam, com atenção, os versos de "O Mapa" que ilustrei, propositalmente, com a sua rotineira caminhada pelas ruas da capital.
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse a anatomia de um corpo...
(É nem que fosse meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Desde já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
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