Hoje descreverei, com palavras e fotos, um pouco do que é La Boca e a Rua CAMINITO.
La Boca é, talvez, o bairro de Buenos Aires com personalidade mais controvertida entre todos os que formam a capital Argentina e, possivelmente, o mais colorido. Lá, vislumbra-se um mundo diferente que, com original autenticidade, pinta, com tons exóticos, a clássica capital portenha. Por ser um bairro típico de imigrantes das mais distintas origens, destacam-se gregos, iugoslavos, turcos e italianos, sobretudo genoveses.
De características muito particulares, os habitantes de La Boca foram sempre divertidos, ruidosos e melancólicos. Falavam em dialetos xeneixe – dos genoveses – como se estivessem em sua terra. Eram trabalhadores e fraternais, ao ponto de formarem várias instituições de apoio comunitário. Editaram jornais, fundaram clubes esportivos e culturais. Dada sua grande sensibilidade para a arte, nasceram, no bairro, cantores, músicos, poetas e artistas plásticos, muitos dos quais ocuparam lugares relevantes na preferência popular.
La Boca tem a zona portuária que corresponde à ribeira e que se divide em dois traçados: Ribeira do Riachuelo e a Área Portuária Sul. A rua Caminito, de apenas 100 metros de extensão, é tão pequena quanto particular. Nela não há portas. Algumas janelas, alguns balcões cheios de plantas e de roupas colocadas para secar. Suas paredes, restos dos navios em que vieram à Argentina e de zincos pintadas de diferentes cores trazem recordações de Veneza. Nelas há todo tipo de murais, cerâmicas e adornos variados
No início, era simplesmente um ramal ferroviário, cheio de terra e pedra. O local se chamava ‘a curva’, e logo se converteu em caminito, que encurtava distância. Esse foi o famoso caminito pelo qual transitava diariamente Juan de Dios, que escreveu o tango que leva seu nome. A iniciativa de colocar esse nome na rua surgiu de seu amigo, o artista plástico boquense, Benito Quinquela Martín. Hoje é uma rua turística, visitada não somente por estrangeiros, mas também por argentinos de todo o país, orgulhosos desse lugar tão pitoresco.
A origem das cores diversas está relaciona às sobras de tintas que os marinheiros traziam para as suas casas. Como não havia dinheiro suficiente para comprar tinta e a quantidade era escassa para pintar toda a casa de uma mesma cor, se aproveitava até a última gota da tinta que conseguiam. As casas acabavam sendo pintadas de várias cores, cada janela de uma cor diferente, a porta de outra cor e as paredes de várias cores.
Os restos da antiga ponte, os armazéns coloniais hoje transformados em restaurantes e as recordações da atividade portuária são marcas de um bairro com história. No presente, outros pontos mantém viva a vida do bairro, como o estádio do clube Boca Juniors, os circuitos turísticos e o museu de belas artes Benito Quinquela Martín.
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