quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A eclosão da Primavera


O Inverno vestiu o seu poncho desgastado pelo vento, pelo frio e pelos violentos temporais para dar lugar à ensolarada e vibrante Primavera. Gosto da estação do frio, mas quando se enfurece e destrói casas, fere pessoas e macula sentimentos, abomino-o e peço sinceras escusas ao Verão por preteri-lo às demais estações.

Não tenho muito carinho pelo Outono que me faz lembrar a finitude da vida quando acelera a queda da folhagem das árvores e descolore as flores só pelo neurótico prazer de vê-las murchar e fenecer. Plagiador do tempo, que não poupa a boniteza das mulheres e a formosura dos homens, malévolo, consome-lhes o sumo e os faz murchar à maneira das folhas e das flores.

Outono, Inverno e Verão. Estações ciumentas e paradoxais, que surgem pelo duplo prazer de gerar vida e espalhar morte. Por que não se contentam em se manifestar através de um ventinho, de um friozinho, de uma chuvinha, de um calorzinho? Malvadas, espalham, pelo mundo, um terremoto, uma nevasca, um tsunami e um calorão capaz de torrar a terra e os miolos de quem o contraria e maltrata a natureza. Vaidosas, manifestam-se branda ou acidamente. No entanto, o que seria da vida sem elas? Barco à deriva subjugado ao livre arbítrio da Estação das Flores?

A Primavera não maltrata. Acaricia, aconchega, espalha perfumes e cores pelos jardins das casas, exibe-se majestosa pelas praças, pelas janelas e se esparrama pelo campo. Chega como uma mocinha tímida, enfeitada com raras flores. Depois, eclode em policromia e olores que se espalham pelos ares, adentram-se pelos narizes e casas, reascendendo o afeto entre enamorados por ela. Generosa, não poupa na diversidade das rosas, dos lírios, das orquídeas e de todas as flores mais lindas que ousam nascer, crescer e se apresentar em solo primaveril.

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