sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Futuro do Subjuntivo X Infinitivo Pessoal


Estou publicando, mais uma vez, esta postagem para esclarecer dúvidas de uma jovem chamada Sandra, que me enviou e-mail para solicitar ajuda, a fim de entender a conjugação do verbo vir em " Quando vieres à loja, procura-me".

Muitas pessoas sentem-se angustiadas na hora de articular determinadas construções escritas ou orais em situações começadas por quando ou por ao.

Comparem os dois exemplos:

Quando eu acordar, ligarei para minha filha.

Ao acordar, ligarei para minha filha.

Nesses dois casos, não há problema nenhum, porque ACORDAR é um verbo regular, ou seja, conjuga-se como o verbo AMAR. Se terminasse por ER ou por IR, seriam flexionados como VENDER e PARTIR, gramaticalmente taxadas de CONJUGAÇÕES MODELOS. ou de PARADIGMAS VERBAIS.
O drama se inicia quando o que se quer conjugar não segue esses paradigmas.

Acompanhem o raciocínio:

Quando eu vier a Porto Alegre, trarei presentes. Ao vir a Porto Alegre, trarei presentes.

Perceberam que, agora, em situações de quando e ao, o bandidinho do verbo VIR mudou?

Por que isso acontece?

A mudança acontece porque VIR é IRREGULAR (não segue a conjugação modelo PARTIR).

Nessas alturas, devem estar se perguntando o que esse papinho furado tem a ver com o título desta postagem...

Tem muito a ver, porque o período começado por QUANDO, exige a flexão (conjugação) do verbo no FUTURO do SUBJUNTIVO em muitas situações e ao se iniciar por AO, poderá pedir a conjugação verbal no INFINITIVO PESSOAL.

Inicialmente, parece que essas duas formas de se flexionar verbos (um tempo e um modo: o futuro do subjuntivo e uma forma nominal: o infinitivo pessoal) vivem como autênticos AMORES-PERFEITOS...
Uma pena, o divórcio acontece na irregularidade, porque os dois terminam por R, RES, R, RMOS, RDES, REM.

Tudo deveria terminar em amor eterno do regular para o irregular, convém, no entanto, eu ser menos prolixa nas próximas explicações.

Vamos começar com VIAJAR, por ser um verbo REGULAR:
Quando eu viajar...,quando tu viajares..., quando ele viajar,... quando nós viajarmos,... quando vós viajardes, quando eles viajarem para Paris, ser... muito feliz(es).
Viram? O verbo acima está no FUTURO do SUBJUNTIVO.

Ao viajar,... ao viajares,... ao viajar,... ao viajarmos,... ao viajardes,... ao viajarem para Paris, ser... muito feliz(es).

Nesse caso, o verbo está no INFINITIVO PESSOAL.

Como saber quem é um ou quem é o outro?

Estabelecendo um paralelo entre eles, ora!

Parece muito simples...

Vou dar uma mãozinha.

O FUTURO do SUBJUNTIVO aparece sempre em ORAÇÃOES DESENVOLVIDAS (aquelas que tem um nexo "puxador" do tipo QUANDO, SE, QUE, QUEM,...).

Já o INFINITIVO PESSOAL aparece em ORAÇÕES REDUZIDAS (as bichinhas que vem sem nexos de argumentação como os que escrevi aí em cima, ou estarão sendo introduzidas por A, AO, ANTE, ATÉ, EM, PARA, POR).

Ainda estão confusos?

Treinem com o verbo PÔR.

(Não se esqueceram de que o FUTURO do SUBJUNTIVO pertence à turma dos TEMPOS que PERDEM o RABO, aqueles do MFI e do ONTEM ELES... Os do RAM, lembram?)

LEMBRETE: O Futuro do Subjuntivo perde a metade do rabo RAM, logo, perde o AM.

Conjugaram o PÔR?

Olha o "ONTEM ELES, aí, gente! (Ontem eles puseram o rabo de molho! Cai o fim do "rabo" = AM e só fica PUSER)

Ficou assim?

Quando eu puser, quando tu puseres, quando ele puser, ..nós pusermos, ...vós puserdes, ...eles puserem o rabo de molho.

Agora o INFINITIVO PESSOAL, será sempre conjugado partindo do próprio nome, ou seja, do verbo terminado por R.

Por quê?

Porque o INFINITIVO é um FORMA NOMINAL, pertence a outra classe social, não muda a origem... O corpitcho dele fica sempre igual, para lá de sarado.

Vamos confrotá-lo:

Ao pôr..., ao pores..., ao pôr..., ao pormos..., ao pordes..., ao porem o rabo de molho...

Se voltarem à postagem que fiz sobre os verbos que perdem o rabo, todos vocês ficarão doutores em conjugação verbal. Psiu!Vou reeditar essa postagem amanhã.

Retornarei com os "ex-malditos" dos modos IMPERATIVO AFIRMATVO e IMPERATIVO NEGATIVO e perceberão por que usei a expressão "ex-malditos"...

CASO é a famosa conjunção que SÓ pode "puxar" orações desenvolvidas e que tenham o verbo conjugado no PRESENTE do SUBJUNTIVO, assim:

Caso eu me acorde cedo, ligarei para a minha filha.

Acorde está no tempo citado.

Outros:

Caso vocês tenham dúvidas, postem um pedido para saná-las em comentários ou por e-mail.

Amanhã, volta aqui, Sandra, que te explicarei como se conjugam, nesses tempos, verbos danados como pôr, haver, vir, ver, ter,... Ou melhor, Vou reeditar os VERBOS que PERDERAM o RABO!

25 comentários:

  1. Duvida cruel: pode-se dizer:
    caso você sair, feche a porta ou é mais coerente o presente do subjuntivo: caso você saia, feche a porta.

    O futuro do subjuntivo admite somente como conjunçoes o "quando" e o "se"? Obrigado

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  2. Queria saber o tempo verbal dessa oração.
    cresce a necessidade de se FORMAREM adultos capazes de orientar suas buscas....

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  3. Olá:
    O MODO verbal dessa oração é o INFINITIVO PESSOAL, pois o nexo introdutor dela é a preposição DE.
    Qualquer dúvida, estou aqui para te auxiliar.
    Volta sempre.
    Um abraço.
    Arlete

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  4. Já CASO é uma conjunção seletiva, pois só aceita o verbo no Presente do Subjuntivo.
    Assim: Caso estudes muito, passarás em qualquer concurso.

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  5. Fiquei bastante feliz por teres gostado do meu blog.
    Quanto à "dúvida cruel", somente a segunda situação está correta: caso você saia, feche a porta. Essa é uma das riquezas da língua portuguesa e um grande martírio para os usuários dela, sejam eles brasileiros ou não.

    No que diz respeito ao futuro do subjuntivo:além do quando e do se, aceita conjunções como SEMPRE QUE, ASSIM QUE, LOGO QUE, ENQUANTO (seguido de não, nada, coisa alguma), DEPOIS DE, SALVO SE, ASSIM QUE, TODA VEZ QUE,...

    Faz um teste com o verbo chover e perceberás que todas essas conjunções (ou locuções conjuntivas)aí de cima se encaixam.

    Sempre que tiveres dúvidas, podes me questionar através do e-mail arletegudolle@gmail.com. visto que, além de ser professora de Português, procurei aprofundar-me em todas as situações que envolvem esse belo, apesar de difícil idioma

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  6. Muiiito bom, esclarecer, pq as vezes a gente fala completamente errado e não sabe ou não se dá conta!
    Muiiito bom!!
    Bjks!

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  7. Oi, Daniella:
    És bem "filha da mãe"! No bom sentido, é claro. Se prometemos, haja chuva ou faça sol, cumprimos com o prometido. (Disseste que irias "aparecer" todos os dias aqui e ei-la...
    Obrigada. Amo os teus comentários
    Volta amanhã que faço uma reminiscência tua, dos guris e da Marianna. Creio que vais gostar.
    Amo-te cada vez mais

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  8. Que bacana!
    Sou estudante de Letras; 'tava pesquisando sobre este assunto e caí aqui!
    Ajudou-me bastante. Gostei do blog. =)

    Um abraço!

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  9. Muito Interessante a iniciativa!obrigada por oportunizar o esclarecimento.
    abçs!

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  10. Olá, Priscila! Eu é que te agradeço a visita.
    Volta sempre.

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  11. Arlete, qual o certo: onde o ver ou onde o vir

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  12. Olá! O certo é Onde o ver. Só se usa vir no futuro do subjuntivo: Quando (se, caso)o vir, contarei as novidades a ele.

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  13. Cara Arlete,

    Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-la pelo artigo muito bem escrito e explicado sobre o Futuro do Subjuntivo e Infinitivo Pessoal.
    No entanto gostaria de tirar uma dúvida. No final do artigo você disse:

    "CASO é a famosa conjunção que SÓ pode "puxar" orações desenvolvidas e que tenham o verbo conjugado no PRESENTE do INDICATIVO, assim:"

    E na sua segunda resposta de 23 de novembro de 2009 você disse:

    "Já CASO é uma conjunção seletiva, pois só aceita o verbo no Presente do Subjuntivo.
    Assim: Caso estudes muito, passarás em qualquer concurso."

    Acredito ter se tratado apenas de um pequeno equívoco no texto. Mas se o equívoco for meu, "Caso" pede o Presente do Subjuntivo ou do Indicativo?

    Abraços e mais uma vez parabéns pelo blog.

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  14. Desculpa-me, caro amigo!

    Foi um lapso de digitação e hábito de mais tratar com o Modo Indicativo> Caso só se usa com o PRESENTE dp SUBJUNTIVO> Desculpa-me o lapso e obrigada por teres constatadoi isso. Volta sempre. Um abraço.

    Arlete

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  15. Excelente o blog! Já o adicionei aos meus favoritos!! Parabéns , Arlete, pela excelente explicaçao!

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  16. Olá, Binho!
    Sempre que tiveres alguma duvida sobre regras de português, solicita-a e postarei aqui. Obrigada pelo elogio. Volta sempre.

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  17. Por coincidência, também sou Sandra e estava com a mesma dúvida. Muitíssimo obrigada, salvou minha tarde!

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  18. Bom dia, Sandra!

    Sempre que tiveres dúvida, dá um pulinho aqui ou por e-mail que terei o maior prazer em sanálas.
    Bjs.

    Arlete

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  19. obrigado...pela mensagem esclareceu bem minha duvidas....porem se vcv tiver algum material sobre emprego de vírgula e isolamento nas intercalações poste pra mim,obrigada e uma abraço. Ju Alves

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  20. Muitas pessoas sentem-se angustiadas na hora de articularem determinadas construções escritas ou orais em situações começadas por quando ou por ao.

    O correto não seria "Muitas pessoas sentem-se angustiadas na hora de articular determinadas construções escritas ou orais em situações começadas por quando ou por ao." ? Pois quando existe uma preposição entre o sujeito e o verbo, ele não flexiona...

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    1. Tens toda a razão, Carla. O correto é o que refizeste. Às vezes,por falta de maior cuidado, cometo gafes gramaticais como essa.

      Coisa boa que existes e estás bem atenta.

      Obrigada pela visita e volta sempre.

      Um abração.

      Arlete

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  21. Muito obrigado! estava estudando para uma prova de concurso e o Google me trouxe aqui, rsrsrs. Agora estou fera! Parabéns pela dedicação!

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  22. Muito boa e descontraída aula de protuguês!

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  23. Bom Dia professora, reitero os comentários anteriores quanto aos brilhantes ensinamentos, bem didáticos e completos. Gostaria que me tirasse uma dúvida com relação a esta frase, utilizada em um dos primeiros posts:
    '
    Cresce a necessidade de se formarem adultos capazes de orientar suas buscas."

    O verbo formares nesse caso é impessoal? quantas orações há? e a última oração eu classifiquei como or. sub. subst. completiva nominal, estaria correto??
    Muito Obrigada,
    Tainah Moreira

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  24. Bom dia, Tainah!
    Obrigada pelos elogios.
    Respostas:
    Tomarem está regido no Infinitivo PESSOAL, que se conjuga assim:
    (tomar *(eu), tomares (tu), tomar(ele), domarmos(nós), tomardes(vós), tomarem(eles).
    Ops! *Os pronomes pessoais, coloquei-os nos parênteses porque não são articulados na comunicação oral, assim como no Imperativo.
    Quanto à “Cresce ...
    Contém três orações subordinadas: Cresce a necessidade = Oração principal
    • ... de se formarem adultos capazes = Oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo pessoal.
    •...de **orientar suas buscas = Oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo impessoal.
    Obs.: O verbo **orientar da 3ª oração não está flexionado porque tem como sujeito o mesmo da oração anterior (adultos) e está regido pela preposição de.

    Valeu?

    Volta sempre.

    Um braço.

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