terça-feira, 7 de setembro de 2010

Pátria amada, Brasil


A primeira vez em que tive um texto publicado em Zero Hora, a emoção foi tão vívida que senti vontade de cantar, falar para as pessoas, amar o mundo inteiro. A felicidade intensificou-se através das ligações recebidas congratulando-me, não só pelo texto, mas por ter acrescido, ao meu nome, o de minha cidade e o de meu estado. Percebi que, quando se tem a origem publicada, os conterrâneos sentem-se, da mesma forma, prestigiados.

Desde aquele momento, comecei a entender que pessoas sensíveis não precisam de muitas coisas para se ufanar de seu país, mesmo que incontáveis situações conspirem contra o senso pátrio. Palavras significativas e gestos concretos despertam-lhes a força imperiosa e telúrica, que lhes deveria ser trivial e inerente.
É preciso que algo aconteça, uma data importante para que aflore o orgulho de se ter nascido em determinado lugar e para se perceber que a Pátria não é só um determinante da nacionalidade.

É o solo onde se cultivam afetos, as pessoas com quem se interage, o singelo prazer em se plantar flores, a magia do labor diário, a saudação entusiasmada a desconhecidos mesmo que tímida a resposta, a sensação do dever cumprido, o elogio desinteressado, o abraço caloroso, as despedidas na certeza do reencontro, o não ter que se pedir perdão, as trivialidades encantadoras da vida.


Até a pressa que contagia, a vontade em pular etapas para mais rápido se chegar ao almejado, o peso na consciência em burlar a balança na falta de comedimento alimentar, a saudade dos ausentes, a lágrima incontida, o arrependimento de não se ter tentado, o desleixo na relação com amigos e familiares, os deslizes do cotidiano.


São reminiscências e estranhas realidades que fazem o doce sabor da vida. Se um simples texto publicado em grande jornal causa euforia, imagine o rufar dos tambores anunciando a passagem de escolares desfilando garbosos em homenagem à Pátria, o som de violas e gaitas gemendo vaneirões e rancheiras ou o trote de cavalos anunciando a Semana Farroupilha.

Numa dança festiva, vislumbre-se cada cidade, cada estado, todo o país, ufanando-se por feitos grandiosos de sua gente, pela eliminação das vilanias, pela percepção do povo educado, saudável, seguro, realizado, usufruindo das benesses geridas pelo progresso, sentindo-se orgulhoso de si e de seu chão, não apenas no 7 ou no 20 de Setembro, mas em todos os dias.


O que os cidadãos de bem não querem mais é ver a sua cidade, o seu estado e o seu país como um fardo difícil de carregar e de não encontrarem motivos para festejos. O que desejam, inspirando-se na emblemática figura de Sepé Tiaraju, na semana dedicada ao Rio Grande do Sul, é poder bradar, com galhardia: “esta terra tem dono!” e lutar para que o torrão gaúcho retome a condição singular de “celeiro nacional”.
Então o povo vai se sentir um tropeiro do progresso sulino e um novo bandeirante do Brasil.


O que todos os brasileiros sonham, neste 7 de Setembro, é viver num país com roupagens novas, em que o povo receba educação de qualidade, os menos favorecidos possam abrir as janelas da suas casas para deixar entrar a esperança, os jovens saibam, de antemão, que, depois de formados, terão assegurados os empregos, os aposentados tenham uma velhice segura.
Que as estradas brasileiras não sirvam como o caminho mortal e mais rápido para a morte e que todos se sintam orgulhosos por ter nascido neste eterno "berço esplêndido" e de olhos bem abertos para a segurança, a ordem e o progresso.

2 comentários:

  1. Arlete,parabéns pelo lindo texto.Comemorar o que nesse 07 de setembro? A corrupção cada vez mais se alastrando,a Policia Federal fazendo alardes quando vai beneficiar alguém do Governo,como foi o caso do Banrisul,a mais de um ano já havia sido descoberta,mas esperaram as eleiçoes,é um cinzento dia da pátria.

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  2. Bom dia, Amigo querido:
    Verdade! O triste de se viver neste país tão lindo é a gente se dar conta de que não tem solução.
    Durante a ditadura militar, arrisquei a liberdade, mostrando para os alunos que deveríamos lutar por um país livre. Aí, sim, formaríamos uma Nação ética, rica, onde o povo seria pleno e feliz. O que deu? Isso!
    (Otimista que sou, realizo-me escrevendo textos como esse. Sonhar ainda é preciso, por isso criei o meu Brasil ideal...)
    Um forte abraço.

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