segunda-feira, 25 de abril de 2011

Desabrochar e fenecer








Sempre que recebo fotos de minha netinha, a Marianna, dou-me conta de que está crescendo, deixando de ser o bebezinho indefeso que vi nascer e que, temerosa e plena de cuidados, embalei noites e noites em meus braços. Olho-a e sinto um misto de tristeza e de alegria. Uma sensação quase inexplicável porque o desabrochar dela mais acentua o meu fenecer.

Assim é a vida. Uns morrem para outros nascerem. O que seria do mundo se todos fossem eternos?


Eu já havia escrito neste espaço que a Marianna é ainda mais linda ao vivo do que em fotos. Ratifico isso mil vezes. O mesmo aconteceu com Deise Nunes, a primeira mulher negra a ser Miss Rio Grande do Sul e, depois, Miss Brasil. Assisti a um desfile dela num cockteil oferecido pela H Stern, em que  apresentava  as joias dessa grife. As fotografias eram e são muito aquém da beleza dela, uma das mulheres mais lindas que já conheci. Linda é pouco. À época, era lindíssima e, nas fotos, parecia só bonita. 

Escrevi o pequeno texto acima ao me deparar com este poema, um dos tantos que recitava, de memória, para ilustrar as minhas aulas e mostrar aos alunos o quanto bons versos podem sensibilizar e emocionar.

Poema de Natal

Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes, poeta e diplomata. O meu poeta predileto.

 No poema acima, Vinícius faz um  retrato daquele que, para muitos, é um evento triste, o Natal, mas que, para mim, é o mais importante, alegre, colorido e feliz evento do ano.

O acima foi foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 147.

Conheça a vida e a obra do autor em "
Biografias.

6 comentários:

  1. Amiga, muito linda a sua neta. Pela mãe, imagino como é a avó dela. A garota não nega as origens.
    Parabéns! É uma linda linhagem.
    Abçs.
    João Lucas

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  2. Arlete!!!! Linda de mais nossa Marianna!! Fizemos "a festa" semana passada!!! As duas..rs.. Beijo grande e ótima semana!

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  3. Olá, João Lucas!
    Como é bom ter um amigo como tu. Eleva o meu ego, sempre.
    Obrigada pelos elogios.
    Um enorme abraço.

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  4. Oi, Carla querida!
    Que madrinhaça tem a Marianna! Além de fã da garotinha, é uma cuidadora nota mil.
    Obrigada por toda a tua dedicação a ela.
    Mil beijos.

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  5. Sabe que é engraçado, mas as vezes vejo as fotos da Marianna e nem acredito que esta menina doce, especial e linda é nossa filha...sinto tanto orgulho, não só por sua lindeza, mas por seu coração e já tão pequeneninho já se mostra um GRANDE coração que ela enche a mão para mostrar no peito!
    realmente concordo que as fotos não demonstram tudo o que ela é de linda, pois quem a conhece pessoalmente, já percebe,, num bebê de 1 ano e 9 meses que só beleza não é tudo...e assim é nossa Marianna!!
    Meu deus, minha mãe, ela está crescendo, mas acho que está crescendo uma boa menina e o mais importante - um menina FELIZ!!!
    Saudades sempre!!
    Ah! nunca esqueço as noites até Saão Paulo que ias com ela....feliz em teus braços...isso que é avó e pode ter certeza que ela sempre lembrará disso e sempre sentirá muiiito orgulho dessa vovó mais amada do mundo!!
    Beijão!!

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  6. Filha amada, bom dia!
    Depois da longa e angustiante espera no hospital, que, mesmo não querendo, gera muito medo, entro aqui e leio as tuas belas e emocionadas palavras. Medo de resultados, medo de diagnósticos,por isso, a nossa força, a minha e a do Cesar, alimenta-se no teu amor, no do Rodrigo, no do Vinícius e ganha novas formas de encarar a vida através da Marianna.
    Ao ler o que escreveste, chorei muito, porque, nela, a vida desabrocha saudável enquanto nós, lentamente, fenecemos, mas vemos nessa menina tão linda, tão doce, tão maravilhosa, a nossa perenidade e a concretização do que sonhamos.
    Sempre agradeceremos a ti e ao Cesinha toda essa nova e belíssima realidade.
    Amo-te muito, filhinha, e esse amor cresce, avoluma-se pronto a explodir de amor também por tua menina. A declaração desse amor que te proclamo e a ela todos os dias, ouvirás, espero, ainda por um bom tempo..

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