segunda-feira, 11 de abril de 2011

Santiago, Terra dos Poetas


Como nasceu Santiago do Boqueirão – hoje apenas Santiago – “Santiágua” na linguagem coloquial dos missioneiros mais velhos? Proveio de onde sua fama de terra dos valentões, de gaúchos rudes, de façanhudos desafiadores da polícia e das leis? De onde flui, como uma fonte  subterrânea e silenciosa de água limpa, sua legenda de cidadela plantada sobre a pedra moura, no tope da cochila onde os antigos carreteiros largavam bois na hora da estrela boiera? Por que a elegeram como sua e a cantaram em seus versos poetas da expressão de um Aureliano de Figueiredo Pinto e Zaca Blau? Por que nela se plasmou um tipo singular de homem do Rio Grande, mescla de granito e terra de colheira, perfis de adaga e coração de guamirim maduro?

Por que há o encanto de Teiniaguá dos Sete Povos na beleza das suas mulheres – netas e bisnetas daquelas que alimentaram a pão de forno e dádivas de carne as gerações que as rodas das carretas trouxeram pelo tempo? Por que, apesar do progresso que a impulsiona, conserva no mais íntimo de si a soberba de um castelo aliada à simpleza de um rancho de posteiro? Por que a nós, gaúchos, basta ouvir-se o seu nome para que o coração dispare como um potro?

Há de sabê-lo quem ler, olhos e alma conjugados, a obra com que Antonio Manoel Gomes Palmeiro nos brinda, a todos quantos entendem que uma cidade – seja ela qual for – não se constrói apenas de cimento, pedra, cal e ferro. Acima do material, paira o espírito, nuvem vestida de sol e grávida de águas, pássaro sonoro de cantos, ágil de asas, irmão do vento e réplica de flor.

Este espírito transita em “Santiago do Boqueirão, Gente e Legendas”. Timbra as “estórias” que a integram, os episódios que lhe dão cerno e ramada, impõe-lhe a singularidade dos tipos que o autor nos retraça num estilo direto, como quem, ao pé do fogo, encurta as noites num desfilar de causos com sabor de mel de lichiguana e polpa de araçás.”

*Parte do “Prefácio Não Necessário”, escrito por Aparício Silva Rillo, na apresentação do livro de Antonio Manoel Gomes Palmeiro, “Santiago do Boqueirão, Gente e Legendas”

2 comentários:

  1. Arlete,alguns dias fora,estamos voltando para falar da "nossa" Santiago.Posso afirmar que sómente aqueles que colocam os pés neste chão sabem o que significa,sabes que alguns amigos sempre que chegava me diziam,"não vais falar por delicadeza,mas estás pensando,nunca mais volto aqui",devido a distância,mas não é verdade,todas as vezes que precisei ou fui por vontade própria,o fiz com muito prazer,e te digo,se o marca passo me ajudar,ainda vou dar com os "costados" por Santiago.Abraços

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  2. Bom dia, caro amigo!
    Estou de volta à terrinha a que amo tanto. Mesmo longe dos fillhos, genro e neta, o apego a Santiago é mais que telúrico. É repleto de gratidão porque, aqui, para mim, as portas de qualquer lugar estão sempre abertas. Aqui, tenho nome, sobrenome e reconhecimento pelo que fiz e faço. Portanto, vale a pena amargar os meus amores a distância.
    Um forte abraço.

    Ah! já estava com saudades de trocar emoções e ideias neste espaço.

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