Como o texto "Quase", que publiquei aqui há dias, hoje lhes apresento o "Tempo e as jabuticabas" que recebi por e-mail e como sendo de Rubem Alves. Não é. O autor verdadeiro é Ricardo Godim, escritor protestante e faz parte do livro "Creio, mas tenho dúvidas".
Sempre me questiono o que sente um autor quando vê creditado a outro a autoria de um texto seu ou o contrário. Isso já aconteceu comigo. Na hora em que li o nome de outra pessoa numa crônica intitulada "Palavras ao Vento", que eu escrevi, senti um um desconforto intenso. A sensação que se alargou em mim foi como se tivessem me roubado o presente de aniversário e de que mais gostara.
Contestar e escrever que o texto era meu? Missão impossível ante a força e a rapidez da internet.
Inclusive, já postei o que escreveu sobre isso o gaúcho Luís Fernando Veríssimo, que assim se manifestou: "Ainda não entendi o recado ou a estranha lógica de quem inventa um texto e põe na internet com o nome de outro, mas o fato é que os ares estão cheios de atribuições mentirosas ou duvidosas. Já li vários textos com assinaturas improváveis na internet, inclusive vários meus que nunca assinei, ou assinaria."
Leiam *"O tempo e as jabuticabas". Lindo!
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir
estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo
majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena."
*Autor: Ricardo Godim
Vocês sabem que é assim que eu também me sinto?!
Quero da vida o que ela tem de melhor, além da liberdade para olhar o mundo com os olhos centrado nos liames do coração, tenho como objetivo jamais julgar os atos de ninguém, não tecer conselhos em nenhuma circunstância, proferir palavras que soem como estímulos, mostrar que amo as pessoas, ouvir mais do que falar. O resto são reles detalhes...
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