segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sonho, profecia ou realidade?

Barack Obama, o primeiro candidato negro eleito para dirigir a mais poderosa nação do mundo, será empossado sob um frio que vacilará entre 0° a 6º, ao lado de seu vice-presidente, Joe Biden.

Quem é Obama, esse jovem que carrega o difícil fardo de salvar a economia americana?

Eleito, pela primeira vez, para o Senado em 2004 tem mandato até 2010.

Nasceu no dia 4 de agosto de 1961 em Honolulu. Reside actualmente em Chicago, Illinois.

Barack Obama foi considerado uma celebridade política nacional ainda antes de ter sido eleito para o Senado. O seu passado não é muito comum, sendo muito diferente da maioria dos políticos negros. O seu pai era oriundo do Kenya, a sua mãe do Kansas; conheceram-se no Hawaii onde, em 1961, nasceu Barack Obama. Aos dois anos de idade, o pai de Obama deixou-o para ir para Harvard e depois regressou ao Kenya onde era um político importante. Acabou por falecer um acidente de automóvel em 1982.

Barack Obama apenas se lembra de o ter visto uma vez quando tinha 10 anos. A sua mãe casou com um Indonésio e a sua família mudou-se para lá, frequentou escolas muçulmanas e cristãs durante dois anos e, depois, regressou ao Hawaii para viver com os avós maternos. Mais tarde, prosseguiu os estudos, primeiro no Occidental College de Los Angeles e, depois, na Columbia University em Nova Iorque. Mais tarde, frequentou a Harvard Law School, onde obteve uma elevada distinção honorifica, magna cum laude, que corresponde a uma graduação não menor do que dezoito valores. Conheceu a sua esposa Michelle Robinson enquanto trabalhava na firma de advogados Sidley & Austin. Após a sua experiência em Harvard, onde chegou a ser o primeiro afro-americano eleito para a presidência da Harvard Law Review, mudou-se para Chicago, a cidade natal de Michelle onde, em 1993, começou a dar aulas na escola de direito da Universidade de Chicago.

A política sempre esteve no seu horizonte. Em 1992, trabalhou no recenseamento eleitoral para o Partido Democrata. Em 1996, concorreu ao Senado Estadual, onde não enfrentou oposição no seio dos Democratas. Em 2000, sofreu o seu primeiro revés. Ao concorrer na primária democrata contra Bobby Rush, Obama foi acusado de faltar à votação sobre o controle de armas, por estar no Hawaii a visitar a família, sendo que uma das suas filhas também se encontrava doente. Rush recebeu o apoio de Bill Clinton e Obama perdeu por 61% - 30%. A partir daí, Obama foi determinante para uma série de legislação no Senado Estadual, como a regulação de cuidados de saúde e nas questões de ética. Ainda em 2003, foi o impulsionador do sucesso de uma proposta de lei no sentido de permitir a gravação electrônica de interrogatórios e confissões nos casos de homicídio.

Em 2004, Obama não estava favorecido na corrida ao Senado dos EUA, mas conseguiu reunir alguns apoios, como os do Congressista Jesse Jackson Jr e os do antigo candidato presidencial (1984 e 1980 ) Jesse Jackson Sr. As suas posições nos vários temas não o distinguiam do resto dos candidatos democratas: era pró-aborto; defendia a regulação nas vendas de armas. Era a favor das uniões de fato, mas contra o casamento homossexual, apoiou apenas os cortes de impostos de Bush que se destinavam à classe média e era simpático a um aumento dos impostos nos estratos mais ricos da sociedade.

Os seus concorrentes apareciam em melhor posição para conseguir o lugar no Senado, mas depressa mudou. Blair Hull viu-se envolvido num escandâlo de maus-tratos à sua ex-mulher. Dan Hynes não conseguiu capitalizar os muitos apoios que tinha, face à ascensão que Barack Obama. Esta ascensão deveu-se, sobretudo, à sua firme posição contra a guerra no Iraque e às suas críticas a algumas das políticas da administração Bush. Os apoios populares de celebridades como Michael Jordan e o endorsement que o Chicago Tribune contribuíram também, em grande medida, para a sua vitória nas primárias democratas.

O vencedor das primárias republicanas foi Jack Ryan. Parecia um candidato à medida do brilhantismo que Barack ostentava. Para sorte deste, Ryan, tal como Blair Hull, tinha problemas com a sua ex-mulher. A Direção do Partido Republicano, não contente com a vulnerabilidade do seu candidato, pressionou-o a sair da corrida. Dessa forma, o partido republicano encontrava-se sem candidato.

Entretanto, Obama faz um discurso brilhante na Convenção Nacional Democrata de 2004, onde afirma: “There’s not a liberal America and a conservative America, there is the United States of America. There’s not a black America and white America and latino America and asian America, there is the United States of America”. Após o seu brilhante discurso, vários analistas já o consideravam como um personagem prestes a brilhar no cenário político norte-americano, possivelmente um futuro presidente.

No seio dos republicanos, surgiu o nome de Alan Keyes para defrontar Obama na eleição para o Senado. Alan Keyes baseou a sua campanha nas temáticas do aborto e do casamento homossexual. Esse candidato não recebeu grandes apoios do establishment republicano no Illinois e acabou por favorecer a vitória de Barack Obama por 70% a 27%.

Embora fosse considerado como um dos mais proeminentes políticos da nova geração, poucos esperavam que agora o Senador do Illinois, nascido no Hawaii, com ascendência queniana e, que viveu em Jacarta, se encontrasse numa posição tão favorecida na corrida Democrata, especialmente contra uma candidata tão forte como o é Hillary Clinton.
Cativou os eleitores americanos, foi eleito e, amanhã, será empossado, protegido por um aparato de segurança nunca visto antes.

Segundo Rodrigo Lopes,"a assunção do homem mais poderoso do planeta requer um sistema de segurança rigoroso e diferenciado", visto ser ele o primeiro homem negro a assumir a presidência dos EUA. Se isso já não fosse motivo suficiente para tamanho aparato, as idéias liberais que pontuaram seus discursos de campanha fazem pressupor um mandatário que vai mexer com muito da sujeira que os americanos vêm jogando para "debaixo do tapete".

No momento em que os sonhos de outro negro, o pastor Martin Luther King Jr. , em discurso inflamado nas escadarias do Memorial Lincoln, em Washington, em vinte e um de agosto de 1963, revelou: "Eu tenho um sonho... que meus quatro filhos viverão, um dia, em um país onde não serão julgados pela cor de sua pele e, sim, por seu caráter."

Que não seja só um sonho e uma profecia, mas que Obama transforme-os em uma realidade permanente...

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