domingo, 18 de janeiro de 2009

Chocolate, eu quero chocolate...


Os astecas faziam com as favas de cacau um líquido escuro chamado tchocolatl. Ficou conhecido quando, em 1502, a esquadra de Colombo chegou à ilha de Guanaja, habitada por astecas. O cacau e seus derivados, considerados "alimentos dos deuses", eram utilizados em rituais religiosos.

Ao adicionar a essência de leite, os jesuítas tornaram o chocolate mais refinado, parecido com o que conhecemos atualmente. No século XIX, era considerado um produto bastante sofisticado, embora o rei Luis XIV, da França, considerasse seu sabor "pobre".

Na época, alguns médicos o consideravam como sendo mais nutritivo que a carne bovina e a de carneiro.

Chocolate pode fazer parte da alimentação saudável

Considerado o grande inimigo das dietas, o chocolate continua liderando o ranking dos alimentos mais desejados por crianças e adultos. Seja porque alivia estresse e ansiedade, supre "carência emocional", repõe energia ou simplesmente porque é um ingrediente universal - seu sabor agrada os paladares nas mais diversas culturas gastronômicas do mundo. Razões não faltam para que "chocólatras" justifiquem o vício e, em casos extremos, acabem substituindo as refeições por uma caixa de bombons.

Vilão ou mocinho, tudo depende do bom senso de quem o consome. Os nutricionistas são unânimes ao destacar as propriedades nutritivas do chocolate, mas sempre com a ressalva de que o excesso pode pôr fim à mais rígida dieta alimentar, aumentando os riscos de doenças cardiovasculares e de outros males provocados pela obesidade.

A boa notícia é que o chocolate possui vitaminas A, B, C, D e os minerais potássio, sódio, ferro e flúor. Além disso, pode aumentar o nível do hormônio responsável pela sensação de bem-estar, a serotonina, tornando-se eficaz no combate à depressão e à ansiedade.

Outra substância "positiva" encontrada no chocolate é a feniletilamina, também conhecida como "hormônio da paixão". Cientistas explicam que, quando estamos apaixonados, aumenta a produção de feniletilamina pelo organismo. Por isso, quando algumas pessoas passam por um processo de desilusão amorosa, muitos recorrem ao chocolate numa tentativa inconsciente de "compensar" a quantidade desse hormônio.

A nutricionista Marília Fernandes, da Unifesp, defende o consumo do chocolate, principalmente o amargo. Segundo ela, o chocolate amargo, feito do cacau puro e sem a adição das gorduras do leite, contém alto teor de flavonóides, antioxidantes que reduzem os riscos das doenças cardiovasculares. Além disso, o cacau contém uma quantidade considerável de ácido oléico, o mesmo no azeite de oliva. "As gorduras monoinsaturadas são "gorduras do bem" e devem representar cerca de 10% do valor calórico total da alimentação diária. Elas protegem as artérias, elevam o bom colesterol (HDL) e diminuem o colesterol ruim (LDL)".

Mas aqueles que não conseguem passar um só dia sem comer chocolate devem ficar atentos. Marília Fernandes alerta que todos esses benefícios funcionais do chocolate amargo não se aplicam ao tradicional e ao branco, devido às gorduras saturadas do leite que são acrescentadas no processo de fabricação. "É o mesmo que usar azeite de oliva na preparação de um cardápio fast food, rica em gorduras saturadas".

Por isso, é preciso tomar alguns cuidados para que as propriedades nutritivas do chocolate não se transformem em inimigas. Um desses cuidados está em saber escolher o melhor chocolate. Para Anita Sachs, nutricionista do departamento de medicina preventiva da Unifesp, a qualidade do produto faz muita diferença. Isso porque, para diminuir os custos de produção, muitos fabricantes adicionam mais gordura hidrogenada.

Comer chocolate sim, mas com moderação. Esse também é o principal conselho da nutricionista Sônia Trecco, responsável pela divisão de dietética do Hospital das Clínicas da USP. "Muitas pessoas tornam-se compulsivas. Por isso sugiro que os "chocólatras" tentem conter a ansiedade também com exercícios físicos, que podem diminuir a necessidade do chocolate".

Mitos e verdades sobre o chocolate:


Chocolate dá espinhas

Mito. Não há nenhum estudo científico que comprove a ligação direta do chocolate com a acne. O mesmo vale para a celulite. São problemas relacionados a questões hormonais e a fatores genéticos.


Chocolate é energético
Verdade. Composto em grande parte por açúcar e gorduras, o chocolate tem alta densidade energética. Na pirâmide dos alimentos, o chocolate fica no topo, no grupo dos energéticos extras. E, exatamente por isso, deve ser consumido com moderação.

Chocolate supre "carência emocional"
Verdade. Muitas vezes, a busca pelo chocolate retrata uma deficiência de magnésio, mineral que participa da produção dos neurotransmissores que regulam o humor, a alegria e a satisfação. O chocolate contém ainda metilxantinas, substâncias psicoativas que atuam como estimuladores do sistema nervoso central e induzem um bem-estar emocional e proporcionam sensação de prazer.


Chocolate vicia

Polêmico. A nutricionista Sônia Trecco afirma que não há nenhuma substância presente no chocolate que provoque diretamente o vício. Para ela, o que faz a pessoa comer sem parar é a satisfação pessoal que o alimento causa. Já para Marília Fernandes, também nutricionista, a mistura de gordura, açúcar, aroma e textura oferece ao chocolate características sensoriais únicas, desencadeando o "craving" (mecanismo semelhante ao vício).

(Fonte: Folha de São Paulo)

Um comentário:

  1. Legal saber que o chocolate pode ``suprir`` a necessidade de feniletilamina.Pelo menos agora estao explicadas as cenas de filmes onde as meninas terminam com os namorados e aparecem comendo caixas de chocolate!
    Obrigada por postar essa notícia,muito informativa!

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