Viva! O HÍFEN caiu?

Muitas pessoas me enviam e-mails querendo saber se o hífen, esse tracinho danado, vai cair. Adoraria responder que sim. Soltaria um foguetório danado para celebrar tamanha vitória!
Não acham que esse sinalzinho tão minúsculo mais incomoda do que ajuda?

Vou plagear o notável professor Cláudio Moreno, de quem sou fã de carteirinha, ao reproduzir, aqui, o que ele escreveu no caderno de cultura de Zero Hora, mesmo porque até o Evanildo Bechara, padrasto da reforma, não sabe o que fazer com esse tracinho:


"As alterações mais inovadoras são as seguintes:

1. Usaremos hífen quando o prefixo terminar por VOGAL IDÊNTICA à que inicia o segundo elemento: anti-inflamatório, micro-onda, micro-organismo, neo-ortodoxo. Se as vogais forem diferentes, contudo, não háverá hífen: antiestático, neoexpressionismo, microindústria, infraestrutura, autoestrada.

2. Usaremos hífen sempre que o segundo elemento começar por H: geo-história, mini-hospital, sub-habitação.

3. Quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento iniciar por R ou S, dobra-se o R ou o S: contrarregra, autosserviço, contrassenha, neorrealismo, ultrassom, antissemita."

E continua o grande Moreno:

"Em princípio, caro leitor, é isso aí. A partir de 2009, os documentos oficiais vão ter de se submeter bovinamente ao novo estilo; nós, os outros, ainda teremos um ou dois anos a mais de carência, durante os quais - como ardentemente espero - a sociedade civil do Brasil e de Portugal vai acabar rejeitando essas alterações insensatas. Os editores ingênuos, que hoje imaginam que a unificação trará a abertura de novos mercados, virão juntar-se a este coro de descontentes no momento em que perceberem que um original brasileiro, para ser publicado em Portugal ou na África, continuará a exigir uma trabalhosa adaptação ortográfica, já que o Acordo, ao admitir demagogicamente dezenas de regras "facultativas", não unifica coisíssima nenhuma. Vocês vão ver."

Amém, professor Moreno! Que todas as vozes se levantem...

Amigos, reproduzi partes da crônica Mudanças na ortografia por medo de cometer mais uma injúria contra esse idioma que amo tanto.