Versos de amor sem fim

Ouvi esta música pela primeira vez num Festival de Música Crioula de Santiago. Chorei cascatas de lágrimas porque o autor, Sabani Felipe de Souza, havia composto a canção à primeira namorada que havia morrido, à época, em acidente de carro.

O meu choro tinha tripla motivação: a garota era filha de uma amiga e colega, conhecia-a desde garotinha e a letra, belíssima.

Confiram música e letra a seguir.

Plantei fundas esperanças no meu canto

Pois cantar é terra fértil pra quem ama
E as tristezas são sementes não crescidas
Na tua partida que em meu rosto se derrama

Estes meus versos andam tristes nos confins
E a saudade traz silêncios de tapera
Cevo meu mate nestas tardes de horas largas
Que são amargas feito às noites de espera

(Escuta minha prenda essa canção
Que fiz só pra ti
No universo nosso amor anda disperso
Buscando rimas pra esses versos que escrevi

Teus olhos meigos no infinito pra onde foste
Rasgam o céu na escuridão dizendo a mim
Que tu me esperas pras eternas primaveras
De um novo mundo cheio de paz e amor sem fim)

Em que o outro mundo aquerenciou-se, afinal
Se o meu olhar encilha o flete e sai pra vê-la
Será nas águas mais profundas de algum mar
Quem sabe o céu ganhou mais uma estrela

Ainda ergo aquele rancho que sonhamos
Nas voltas fundas, no fundo de algum rincão
Pra que a saudade tenha abrigo quando chegue (Bis)
Aonde o sonho se casou com a solidão

Para recordar:

Olhem a vírgula depois de letra em "O meu choro tinha tripla motivação: a garota era filha de uma amiga e colega, conhecia-a desde garotinha e a letra, belíssima."

Sabem por que está ali?

Serve para SUBSTITUIR o verbo ERA, que já havia sido mencionado anteriormente. Esse é um recurso estético e gramatical que, além de evitar a repetição desnecessária de uma expressão já empregada, ainda empresta um certo mistério ao escrito.