domingo, 22 de abril de 2012

Só a Martha Medeiros...


Somente a admirável Martha Medeiros poderia escrever o que eu tinha escondido no âmago de minha alma e não disse. “Nada adianta levar o corpo pra passear se a alma não sai de casa.” Escreveu essas palavras tão simples e tão sábias no artigo contido em donna, "A capacidade de se encantar", estampada no caderno encartado em Zero Hora, que sai só nos domingos. (Espero-o com quem aguarda uma festa,  como quem espia a mãe abrir o pote de sorvete de morango para oferecê-lo em taça branca, contendo enormes bolas bem redondas. E com naquinhos da vermelha fruta).

Em leitura, feita às amarras, de um dos contos que escrevi, a generosa analista afirmou-me que os meus escritos têm a grandeza e a forma de Virginia Woolf. Queria mesmo ser Martha Medeiros e Clarice Lispector. A primeira, por seu dizer simples, direto, incisivo como uma navalhada na carne flácida. A segunda, por que arranca, das entranhas escondidas na mente, a essência dos sentimentos, os bons, os ruins e os nem tanto.

2 comentários:

  1. Olá, Arlete! Tudo bem?

    A Martha Medeiros é uma intérprete maravilhosa do que sentimos e nem sempre conseguimos expressar em palavras. Conta a vida cotidiana com maestria e sensibilidade. A frase final é de uma força poética inacreditável. Imediatamente lembrei dos versos de Antônio Augusto Ferreira na canção "Alma de Poço", em parceria com Vinícius Brum, em que ele fala: "Que me importa o sol na cara se a alma não amanhece?"

    Veja como são belos os versos de Antônio Augusto Ferreira:

    Alma de Poço

    Madrugada mais lubuna mateio desprevenido
    Tenho andado mal dormido com paixões demais pra um
    Os meus olhos tresnoitados se voltam mesmo pra dentro
    A vida põe sal na boca e o mate não mata a sede

    Querência fica distante mesmo andando dentro dela
    Que me importa o sol na cara se a alma não amanhece?
    Não quero sonhar de novo renascer não vale a pena, ai
    Alegria pouco importa quando a vida anda pequena, ai

    Solidão bate no rancho já me sabe mais covarde
    Vou cultivando um silêncio que vai florescendo à tarde

    (Ai, ai, ai... de mim, corpo de moço,
    Jeito de rio
    Ai, ai, ai de mim, alma de poço,
    Peito vazio
    Ai, ai, ai... de mim, corpo de moço,
    Jeito de rio)

    Abraço,

    Nivia

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  2. Nívia muito querida!

    Está tão lindo esseteu comentário que, mesmo sem te pedir licença, vou fazê-lo público na postagem de amanhã.

    Obrigada por mais esse momento de erudição e beleza!

    Um abraço muito afetuoso.

    Arlete

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