quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Saia justa, primeira parte


Talvez a geração mais nova  desconheça o significado da expressão que empresta título a esta postagem. Nunca me dediquei a pesquisar de onde surgiu, apenas sei informar que, em minha vida, quando se apresenta, quase sempre me causa certo constrangimento. Com o tempo, fui me acostumando e, para evitar acidentes, em festas, reuniões, mais escuto do que falo. Nessas ocasiões, dou-me conta de como a arte de ouvir deve ser mais exercitada do que falar, ainda mais quando o falante atormenta os ouvidos alheios com problemas pessoais, queixas, lamentos, abobrinhas. Creio que, foi por me sentir desconfortável numa situação dessas que jamais comentei sobre o que sentia ou almejava conquistar em público. E, enquanto professora, os meus alunos nunca ouviram falar sobre a vida pessoal. Ao contrário. Quando a eles me apresentava, os meus problemas ficavam do lado de fora da porta. O mesmo acontecia ao retornar ao lar. Não saberiam se eu era casada, se tinha filhos, familiares ou amigos, não fosse residirmos em uma cidade pequena como Santiago.



Devido a esse distanciamento e, por eu ser desligada de nascença, depois de ver desaparecidas três alianças de casamento (a primeira, a original; a segunda, presente de minha sogra, que não admitia ver-me sem aquele elo indicador de “pertence a” e a terceira, mais um presente de meu marido, pelas mesmas razões anteriores). “Perdi”-as, porque, ao chegar em casa, retirava tudo que me oprimia: trocava de roupa, sapatos e, claro, retirava do dedo a aliança que, por mais que a recebesse justíssima, com a facilidade de emagrecer que sempre tive, terminava ficando grande e caia de meu dedo, caso molhasse as mãos. Portanto, era hábito depositá-la em qualquer lugar o que, em época de “vacas magras”, servia para aumentar “ a renda” de minhas “auxiliares de serviços gerais”, ou seja, sabe-se lá quem as surrupiava. (O certo era que os elos matrimoniais desapareceram cada um a seu tempo e, mesmo após exaustiva busca, nunca os encontrei. Cabeças maliciosas diriam que, se somente havia três pessoas na casa, eu, meu marido e a empregada doméstica, um de nós a roubou, ou, para abrandar o incontestável, escafedeu-se, voou em busca de digital mais cuidadoso).


Nessas alturas, os leitores e as leitoras deste texto devem estar se perguntando: o que o primeiro tem a ver com o segundo parágrafo? Eis o grande trunfo da escrita: gerar suspense, cativar o leitor. De duas, uma: ou continuarão lendo estas “mal traçadas linhas”, tão comum nas missivas escritas num passado nem tão remoto, ou virarão a página que, neste caso, significa dar um clique e partir em busca de algo mais interessante.


Leitora de Agatha Christie desde a infância, aprendi com ela que o suspense é o tempero da vida. Qual a criança, o adolescente, o adulto que não fica curioso para saber o que há no belo pacote enrolado para presente, jogado, displicentemente, no sofá da sala e ao lado do presenteador? Quem não se animará com um “tenho uma coisa para te contar! Depois te conto!”, ainda, “não sabes o que me aconteceu ontem” e por aí vai...

Ainda estão lendo? Não disse? Devem, a essas alturas, estar se indagando sobre o que quero informar acerca de saia justa, desligamento e alianças desaparecidas. Tem, e como, uma estreita ligação entre si e, se quiserem saber o desfecho, retornem aqui amanhã.



Ainda permanecem aqui? Não ficaram curiosos por saber  que relação as bolhas tem a ver com saia justa, distanciamento e alianças desaparecidas? Insisto. Têm e como... Saberão se voltarem aqui amanhã!

8 comentários:

  1. Oi, minha amiga, sempre que entro em seu blog já sei que haverá alguma coisa diferente e a de hoje então. Curioso fiquei e cedinho estarei aqui amanhã.
    Abçs.
    João Lucas

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  2. Oi mana querida, ultimamente tenho entrado quando posso,devido a concentração de atividades no trabalho.
    Estou muito curiosa para saber o desenlace da tua postagem. Lembro-me muito bem das alianças perdidas, a primeira tenho certeza que ajudei a procurá-la, encontramos na primeira vez. Não estou bem lembrada mas acho que foi no ralo da pia, na caixa de escoamento?
    Sobre a saia justa fico rememmorando que deva ser uma das estórias bem hilárias que costumam te acontecer... depois daquela do carro vermelho, nada mais me surpreende. ahahahah
    Bjus
    Adejane

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  3. Olá, João Lucas:
    Quem me surpreende sempre és tu com tua fidelidade e palavras gentis. Quando não apareces, fico preocupada.
    Um grande abraço

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  4. Djeininha querida:
    Saudades de ti! Fico feliz que tenhas bastante trabalho, assim sobra pouco tempo para pensares no que não precisas.... Ahahahah!
    Quanto ao final do texto, este não é hilário, pende mais para a tragédia. De engraçado não tem nada, quando me lembro, espumo de raiva!
    Um abração apertaaaaaaado!

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  5. Que sensacional...tu és uma "figura" única...impar...maravilhosa, consegue deixar todos loucos de felizes lendo tuas postagens e ainda consegue nos deixar muiiiiiito curiosos...uma história interligada na outra...o que será que vem amanhã?
    Vou fazer como o amigo aí de cima...bem cedinho estarei aqui...ahahahah
    Te amoooo!
    Bjks!
    Ah! amanhã talvez teremos uma "surpresinha" para vocês!!!

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  6. Oi, filhinha:
    O que me gratifica é o que tu e os meus fiéis amigos comentam sobre o que escrevo. Sinto-me como o ator ou atriz, que, ao término do espetáculo, o público aplaude em pé a apresentação deles. A sensação é idêntica também aos aplausos que recebo após o término de minhas aulas ou palestras: o meu coração bate palmas de alegria e felicidade.
    Obrigada por me incentivares sempre!
    Ah! Maravilhosa és tu porque saíste "igualzita à mãe"! Oba!
    Um milhão de beijos.

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  7. Arlete vou te confessar uma"saia justa,fui visitar uma namorada(nos anos 60) morava numa outra cidade,sempre ficava no hotel,mas ela me levou para a casa dela,que desespero,não podia nem pensar em ir no banheiro,pois podiam interpretar que estava a procura do quarto da namorada,no linguajar de hoje foi uma roubada,tenho certeza que estás dando gargalhadas.

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  8. Bom dia, amigo querido:
    Realmente, é uma "baita" saia justa. Imagino a cena, o desespero, ainda mais estando "apertado" e, caso o sograço levasse para o lado de desvirginamento da donzela... casamento na certa. Dei boas gargalhadas mesmo.
    Como digo, comecei o dia RINDO, ou melhor, gargalhando.Obrigada por mais esta.
    Um forte abraço.

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