sábado, 6 de fevereiro de 2010

Histórias que vivi


Quando a minha filha contou-me da emoção que os últimos textos escritos por mim lhe causaram, fiquei entusiasmada. Resolvi, por isso, registrar histórias vivenciadas por ela e os irmãos na infância. A maioria delas induz os leitores, que me derem a honra de ler os escritos, a refletirem sobre a missão tão árdua e difícil que é a educação dos filhos.

Começarei com duas dentre outras, à medida em que vou recordando.

BRIGA DE IRMÃOS

Estavam brincando, animadamente, os meus meninos. Havendo discordância entre eles, o pequeno, com dois anos, levantou-se e começou a chutar o irmão mais velho que, desesperado, pedia socorro. Corri para perto deles e o piazinho ali, atracado no irmão. Imediatamente, separei-o e lhe dei uns safanões.

O mais velho ficou quieto por um instante, depois, aos berros, dirigiu-se a mim:
- Bicho Papão! Lobo Mau! Capitão Gancho! Bruxa Malvada, não tem vergonha, batendo numa criança inocente!?

Ao me dar conta de que me comparara às personagens mais malévolas e de mau caráter das histórias e das revistas em quadrinhos que eu lia para eles, decidi nunca mais me meter nas brigas entre os irmãos.

Quando vinham chorando, cuja causa fora gerada por desentendimentos entre eles ou amiguinhos, apenas perguntava:
- Apanhou?

Se a resposta fosse positiva, dizia, procurando impingir, na voz, consolo e ternura:
- Tudo bem, na próxima, tu vais dar uma boa surra nele!

O guri saia reconfortado e, se soubesse expressar o que sentia, tenho certeza que me diria estar feliz.

Se após a pergunta “apanhou?”, dissesse-me “não!”, eu apenas comentava: “Não machucou, não é?”.

Creio que essa “psicologia às avessas” deu certo, porque nunca me vi envolvida em desentendimentos com vizinhos por causa de brigas de crianças, além do que os dois irmãos sempre foram, continuam grandes amigos e se amam intensamente.

A FILHA MAIS LINDA

Quando a minha filha era pequenina, ao acordar, ou antes de sair para a escola, ou a qualquer momento lhe dizia: "Tu és a filha mais linda que a mamãe tem!". Os olhinhos dela se enchiam de estrelas que brilhavam de
pura felicidade.

O tempo foi passando e o ritual era, religiosamente, repetido: Tu és a filha mais linda, patati, patatá... A garotinha beijava-me e mais, sempre mais. (Foi nessa época que iniciamos o famoso 'beijo no pescocinho"). Felizes as duas, vivíamos num mundo de princesa
e rainha. Ela se sentindo, realmente, a filha mais linda do mundo, e eu fazendo tudo para que ela nunca deixasse de acreditar que, o que eu dizia, era a mais autêntica das verdades!

Um dia, mais crescidinha, depois de eu ter repetido aquela reza, verdadeira confissão de amor, surpreendentemente, meio atrapalhada com tanto trabalho a executar, troquei a cantilena.
Declarei-me assim:
_Dentre a filhas da mamãe, tu és a menina mais linda!

Com um olhar estranho, testa maculada por apreensões, ela
se sai com essa:
- Uma das tuas filhas mais lindas? Mas se tu só tem eu!?

Percebi, com um misto de alegria e de tristeza, a partir daquela constatação, que 'a filha mais linda' estava perdendo a mais infantil ingenuidade e já iniciava, precocemente, a entender o intrincado e falso mundo dos adultos.
E isso que a minha garotinha tinha apenas... quatro aninhos!

Amanhã tem mais...

12 comentários:

  1. Querida Arlete,como a Daniella noto que estás vivendo um belo momento,teus artigos muitos ricos em confidências familiares servem para nos aproximar ainda mais.Quanto a mim carrego uma culpa por ter sido um pai ausente,na infância deles,era tudo com a patroa,medico,dentista,levar para escola,reunião com professores,hoje vejo que errei,que o serviço que os alimentava não era o mais importante e sim a presença do pai.Trocando de assunto sobre as musicas do Rei foram minhas companheiras quando levei o pontapé no trazeiro,e Detalhes batia direto lá dentro,muitas lágrimas derramadas...

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  2. Bom dia:
    Realmente, a fase é ótima! Filhos encaminhados, o sol sorrindo como um louco lá fora, a filha, o genro e a neta que idealizei, a família que plasmei com paciência, tapinhas no ombro. Puxão de orelhas? Jamais! O "Hay que endurecer, pero..." foi o freio das minhas raivas e decepções camufladas. E fui levando. Sofrimento? Jamais tive pena de mim mesma. Acho que esse é o segredo. Decepções? Não abri as portas da minha alma para elas. Amor? Este, sim, pautou todas as minhas ações.(Foi o maior astro no sucesso que tem sido a minha vida particular e profissional). Chorar? Em funerais dos meus afetos e em cenas melosas de filmes e novelas. De alegria tb.!

    Adorei o textro. E RC é o eterno Rei. (Dei-me o trabalho de organizar excursão para assistir ao show dele. Chorei, sorri, gargalhei de
    estar ali, naquele momento lindo. Sou mais uma fã apaixoooooooooada.)
    "Tudo vale a pena se a alma não é pequena" Esse F.Pessoa!?...
    Um forte abraço.
    Arlete
    P.S.: Só odeio os estragos feitos pelo tempo...(Ainda não aprendi a envelhecer. Morrer?, nem pensar. (Mentira! Estou tentando aprender a...)" A vida é uma escola que não tira férias".

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  3. Psiu!
    O que escrevi aí em cima não dá uma bela postagem?
    Amigo, assinei um contrato comigo mesma de procurar sempre ser feliz.E não é que o consegui?! "Ricos e tolos riem à toa". Fico na última categoria. Não sei se rica, seria tão feliz. Acho que sim, que não sou boba de não gostar de um bom ourinho...

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  4. Fui olhar o cronômetro de visitas e OBA! Está "bombando". As piadas e essas minhas confissões bobas estão cativando mais visitantes. Acho... (500 visitas, de ontem para hoje. Nossa!)

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  5. Da uma espiadinha no G1.com.br RC faz show em navio.

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  6. Tristeza!
    Não foram 500 visitas. O cronômetro é que retrocedeu. Ontem às 10h estava em 47566; hoje em 47036. Deveria ser 28036, mas...(O danado não sabe contar direito...Ahahaha!)
    Viste? Preciso de muito pouco para ser feliz. Até um pequeno engano de um cronometrozinho num bloguzinho mixuruca é motivo de euforia....

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  7. Bom dia minha bichinha...assim não vale...todos os dias quando acordo além das minhas lindas lembranças de uma infência fabulosa...ainda leio o teu blog e choro....choro....recordando os belos momentos que vivemos juntos.
    Fico muito feliz com tua inspiração....pode continuar...faz muiiiito bem aos nossos corações!
    Te amoooo!!

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  8. Filhotinha!
    Recebi um e-maide que não se expõe a vida assim na internet. O que faço? Paro?
    Estava gostando tanto...

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  9. Amada:
    Vou "fingir" que esse blog não tem outro leitores, exceto os que me querem bem...
    Capiste?

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  10. Arlete: Estou acompanhando tudo que voc^r escreve e achando uma maravilha. Tudo muito bonito e bem escrito, coisarara em blogs. Criativos. Ricos de exemplos a serem seguidos. Quem lhe mandou parar deve estar com ciúmes de não saber escrever bem assim.
    Não pare. só nãotenho um blog por que erro muito o portugues.
    Seu adimirador

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  11. Os anõnimos estão aumentando,mais um que se esconde no anonimato para poder demonstrar admiração pela nossa Professora e seus belos e criatvos artigos.Mais um voto para não parar.

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  12. Amigo:
    Ficar no anonimato é uma forma de ser perdoado quando se comete erros,principalmente, gráficos. Não é nada fácil as pessoas se exporem. Ainda mais num veículo tão "de todos" como a internet. Se tu olhares em "O voo da borboleta amarela" verás um que diz ser meu vizinho e me dá uma "marretada'. Só que anonimamente. Acho ótimo! Permite que as pessoas critiquem à vontade. O pior é nã se manifestarem. Que vienga el toro!

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