quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Presságios

O ano de 2030 recém se anunciara, enquanto o sol se espreguiçava no horizonte e a bruma inquieta impedia-o de lançar seus braços de luz para dar novos contornos ao dia. As árvores sonolentas escondiam em suas ramagens o resto de seiva e de frutos que lhes garantiria a vida e a dos humanos. Até as flores rendiam-se ao acinzentado da paisagem, camuflavam-se de azul violácio em escudo de proteção e exalavam um fétido olor, pressagiando a morte.

Longe, um galo treinava uma funesta serenata para dedicar à vida que parecia esmaecer-se e que, gradativamente, ia perdendo a policromia caprichosamente amalgamada em séculos. As nuvens, em desespero, disputavam corrida com a brisa, impelidas pelo vento, prontas a se mutacionar em temporal.

Em fúria, a natureza voltava-se contra os estragos causados pela ganância e o descaso dos homens que não souberam cuidar dos bens generosamente ofertados por ela. Os animais, afugentados de seus espaços, viam-se acossados, ou se extinguiam como alerta e aviso antecipado do apocalipse.

Insensíveis, abocanhando mais e mais tudo que os cercava, aqueles que deveriam zelar, desprezaram as lições ensinadas e praticaram os mesmos erros seculares: o descaso com a grande mãe, a Terra.
Concretizadas as tragédias
, impotente, sentindo-se vitimizado, o homem, agora, apieda-se de si como se a culpa fosse da natureza que, vingativa, se volta contra ele.

Esquecera-se , no entanto, de que a única vítima fora o solo que lhe deu sustento, o planeta todo que lhe deu guarida,
o Universo que lhe serviu de teto e os animais que lhe dedicaram desinteressado afeto. Bens preciosos irracionalmente maltratados e premeditadamente perdidos porque se esquecera também de que precisava deixar como legado aos filhos de seus filhos e aos descendentes destes uma natureza bem cuidada da qual, proscrito, deveria ter sido banido antes que o caos acontecesse.

Este texto aflorou em mim inspirado no pedido de socorro contido nos três vídeos da postagem S.O.S da natureza.

3 comentários:

  1. Olá, Arlete:
    Muito bonito este teu texto. Estou esperando o poema q. lhe pedi ontem. Lembra?
    Bj.

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  2. Arlete como a natureza tu também meresses um pouco mais de atenção,quando falas em"desistir por considerar essa atividade uma enorme perda de tempo" te compreendo perfeitamente,pesquisas e oferece para teus visitantes lindos textos,videos e tudo, para receberes um comentario que não vem,reconheço que até eu as vezes mereça um "pito" por avançar o sinal.Para tentar te reanimar,garimpei esta linda frase "Nunca mude seu jeito de ser pra satisfazer as pessoas que você gosta.Pois que gosta de você não te muda e sim te completa"(Wesley Araújo) vamos lá minha guerreira não te entregas nunca.Um beijo especial no teu coração,mesmo machucado,bate feliz.

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  3. Meu amigo querido:
    Lamento contraditar as tuas emanações a respeito do meu "perda de tempo". O que eu quis dizer com isso é o que realmente significa: perda de tempo mesmo, sem qualquer outra conotação. (Estou tão apaixonada por esta atividade, que passei a relegar a plano inferior outras formas e pelas quais sou remunerada. Traduzindo: ganho uma boa grana!) Os comentários, ou a falta deles, nada significam em termos de desistência. Não posso negar que me causam satisfação quando me deparo com eles, porém em nada alteram o meu posicionamento.
    (Realmente, estou permanecendo no PC por mais tempo do que posso diponibilizar e isso está afetando a minha vida. (Só isso!) Como sou perfeccionista, esta atividade, mesmo que prazerosa, está me dando muito "trabalho" e roubando o espaço de meu outro trabalho.
    Um lembrete:não espero nada de ninguém, o que vem é lucro é um preceito que venho seguindo durante a minha vida toda e tem dado ótimos resultados.
    Não fiques, pois, amigo, apreensivo com esses meus desabafos e essas "desistências" momentâneas...
    Volta aqui amanhã e terás maiores esclarecimentos sobre isso.
    Um abração.
    Arlete

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