segunda-feira, 6 de junho de 2011

Brasil, o país da rapinagem


Vendo, mais uma vez, Palocci, a "Eminência Parda" da República de Cordel, que virou o Brasil, o homem que adquiriu injustificadamente, tanto dinheiro em tão pouco tempo, se vê  enlameado até os ossos, está na iminência de cair. Já os petistas, que se diziam defensores da ética, salvadores da pátria e atacavam, veementemente, os corruptos e corruptores, agora, estão defendendo um dos mais desavergonhados casos de enriquecimento ilícito. Assistindo a tanta safadeza, sinto vontade de chorar. Chorar pelos sonhos de ver surgir um novo país, onde venceriam a honestidade, a ética e   a valorização dos princípios fundamentais da democracia. Ao mesmo tempo que combateriam toda a espécie de corrupção. No entanto, tudo se transformou no mais atroz dos pesadelos: uma sequência infindável de escândalos, roubalheira, descaradamente, sem precedentes. Por tudo isso é que



Sinto vergonha de mim

por ter sido educadora de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

*"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem- se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto."

*Rui Barbosa

(Rui Barbosa também foi senador e faleceu em 1923.)

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