segunda-feira, 20 de junho de 2011

Educação: Prioridade nacional.Texto reeditado



Este foi um dos primeiros textos escritos por mim e que foi publicado em Zero Hora. Como o assunto é recorrente, reedito-o.


Alvissareiras foram as palavras do Ministro Tarso Genro ao enfatizar a importância da educação para “a construção de um novo país”, visto que as políticas adotadas em relação à escola brasileira apresentam inúmeras falhas. Dentre elas, a sua não inserção no Plano Global de Desenvolvimento como prioridade nacional. Ninguém ignora o tratamento que se dá à educação, considerada como mero apêndice desse plano, com perspectivas de fracassar sempre. Se a educação vai mal, é preciso que se analise, com profundidade, o assunto, considerando-se que cabe ao sistema de ensino maior comprometimento para a solvência de seus fracassos e a adoção de política educacional duradoura e prioritária por parte dos governantes.

Sob certos prismas, o ensino é “custoso, rígido, arcaizado pela rotina, considerado como instrumento a serviço do saber, funcionando como uma forja de inadaptados sociais”, planejado como um fim em si mesmo, regendo-se por exclusiva lei interna e processos abstratos, alienadores e alienantes. Em plena era tecnicista, a política educacional hoje é similar àquela dispensada aos filhos da burguesia em séculos passados: instituições tidas como agentes passivos da sociedade, vistos como seu espelho e não a sua célula dinâmica, geradora de mudanças, a sua consciência crítica. Para que isso deixe de acontecer, a educação tem de ser considerada como um todo unificado, movendo-se, harmonicamente, entre o pensar do educador e o agir do educando, refletindo as necessidades sociais e os recursos disponíveis para satisfazê-las.

Sob enfoque político, a educação será eficaz e servirá como via propulsora de desenvolvimento social e libertadora individual, se for encarada como uma das prioridades nacionais, tratada com mais seriedade, destinando-se a ela verbas significativas e bem direcionadas. Enquanto não se criarem paradigmas educacionais, emanados da realidade do aluno e para ele, das bases para o ápice da pirâmide social, sem perder a qualidade e não se fizer análise crítica da atuação dos docentes e dos valores salariais aviltantes por eles percebidos, nenhuma mutação surgirá no país.

Quando ocorrerem modificações na postura de todos os educadores, automaticamente, forçar-se-ão mudanças sociais que induzirão a um novo pensar político, voltado “para a construção de um novo país, socialmente justo e verdadeiramente democrático”, palavras sagradas do Ministro da Educação e sonho dos educadores. Com professores qualificados, satisfeitos economicamente, apoiados em política educacional, programas, estruturas e administrações escolares eficientes, aprendizagem embasada em técnicas e métodos que substituam a inflexibilidade pela inovação, ideias tradicionais e ultrapassadas por novos procedimentos didáticos, assim, surgirá um novo Brasil.

(Publicado dia 19 de março de 2005, Jornal Zero Hora, página 17)


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