Uma canção para os brasileiros

Mais um ano se foi e o desgastado sonho de ver surgir um Brasil mais ético, seriamente comprometido com a educação de qualidade, com o restabelecimento pleno da saúde de seu povo, capaz de incentivar o controle de nascimentos entre carentes desapareceu.

Morreu o país consciente de ter punido e cerceado da liberdade os corruptos, de exigir o restabelecimento da moralidade em todos os níveis sociais. Uma nação responsável por influenciar os motoristas para que não transformem as estradas e as ruas citadinas em armadilhas certeiras do matar ou morrer desapareceu. Sonhos que se foram, velhas utopias, acalentadas ao longo dos anos, esboroaram-se como grãos de areia açoitados pelo vaivém incessante das ondas do mar de insensatez que proliferou pelo país.

Que no ano incipiente, a imorredoura necessidade de acreditar no surgimento de uma sociedade melhor renasça nos brasileiros, reascenda neles a capacidade de se indignarem contra a violência que eclode como guerra civil camuflada. Que se revoltem contra a degradação dos costumes, exijam mais segurança, moradia, saúde, educação de qualidade e desapareça a nociva prática do “jeitinho”.

Que se posicionem contrários à mediocridade de programas televisivos, percebam as insídias contidas nos sermões dos falsos messias e dos chefes de igrejas que cobram pela salvação de almas descaradamente. Que se incorporem a campanhas ecológicas e procurem salvar as riquezas naturais do solo pátrio, esvaído em perenes lutas para não perder o seu encanto.

Que em 2011, famílias não chorem pela morte de seus afetos em acidentes, tombados por balas perdidas, por atitudes irresponsáveis, pelo consumo de drogas, pelo não ou mau atendimento em hospitais.

Que sejam abortados na origem esses constantes suicídios interiores gestados pela falta de empregos, pela derrocada dos sonhos, pela mesquinhez do dia a dia. Que as variadas bolsas caritativas oferecidas pelo governo ajam como paliativos temporários, o mais rápido possível, sejam substituídas por programas de estímulos ao crescimento individual e restabeleçam naqueles que as usufruem a vontade de lutar contra as vicissitudes, a fim de reencontrarem a dignidade através do esforço laboral.

Se cada brasileiro de boa vontade encontrar o equilíbrio para bem dirigir a sua vida, estará dando o chute certeiro rumo ao gol por uma nova aurora neste brasilzinho com vontade de virar um brasilzão. Se aprender a dizer não às vontades inegociáveis dos filhos, captar as dubiedades das promessas eleitoreiras estará pronto para cobrar posturas corretas de seus eleitos. No momento em que começar a abolir de seu cotidiano todas as formas de discriminações, tornar-se cônscio de seus deveres, exigir os seus direitos e trabalhar muito, poderá cantar “quero paz no meu coração e se puder ter um amigo, que ele seja irmão”.

Ah! E se a primeira mulher eleita presidente do Brasil cumprir com o prometido em campanha e fizer cumprir as palavras proferidas no discurso de posse ("Não haverá compromisso com o desvio e o malfeito"), já estarei me arrependendo de tê-la julgado igual aos seus assemelhados e os que a elegeram.

 "Alea jacta est." (Traduzinho: "A sorte está lançada!) e um *S.O.S. ao Brasil! (Ou seja, Save Our Souls = Salvem as nossas almas ou
"Save Our Ship" (salvem nosso barco), mesmo que haja controvérias sobre essas versões.