segunda-feira, 25 de junho de 2012

Direto do Facebook


Bom dia, queridos e queridas!

Que sol lindo lá fora, heim?

O texto de hoje escrevi quando tinha 12 ou 13 anos para participar de um concurso de redação. Tirou o 2º lugar. O 1º? Eu escrevi também. "Mercenária" àquela época, (por questão de "sobrevivência" financeira), fiz um lindo texto falando sobre crianças em uma pracinha de brinquedos e o vendi para uma colega que ansiava participar do concurso, mas não tinha nenhum talento. Acertados os valores, escrevi dois textos e mandei-a escolher. A garota usou o unidunitê... e ganhou o primeiro lugar. Fiquei louca de feliz com a segunda colocação e, rindo por muito tempo, às escondidas, sabendo que fui duplamente vencedora. (Ah! Nunca vi uma primeira colocada mais sem jeito... Dor na consciência, medo de que a traísse? Jamais faria isso, asseverei a ela, sem nenhuma "dor de cotovelo").

Eis o "segundão":

                                       Palavras ao vento

As roupas, grávidas de vento, dançavam num vaivém policromático, assenhoreadas do tempo, como se a ânsia de revestir corpos nus fosse a sua desiderata.

Nada as deteria. Nem o sol que, teimosamente, brincava de esconde-esconde com as nuvens. O vento, ora vilão, ora mocinho, assobiava cálidas melodias ou as agitava num mãos ao alto sem sentido.

Vestes, sol e vento, unidos em estranha coreografia, profetizavam que o dia seria lindo. Que cheiros, que emoções, que sonhos, entranhados em roupagens tão diferentes, sucumbiram no gira-gira da máquina de lavar?

Que mãos as retorceram; seriam rústicas, delicadas, inconsequentes, apressadas, letárgicas, opressoras ou já estariam automatizadas pelo contumaz do ato? Em sua dança frenética, os movimentos delas traduziriam saudações, despedidas, reteriam carícias, ou, meramente, repetiriam gestos, revelariam quereres de quem se modificava sob as forças e o calor incontido do sol?

Perguntas sem respostas, abstratos sem concretos, mentiras sem verdades, sonhos à espera do realizador. O inusitado do ritmo imprimido pela brisa substituta do vento, que antes as entrelaçava, que as iludira a alçar voos em fuga das amarras que as aprisionavam ao varal, unia-as e afastava-as numa irritante imitação de fatos do cotidiano. Aqueles surrados acontecimentos em que os faltosos cometem os mesmos erros, transformando as lições de ética, de honestidade, de compartilhamentos do bem em meras palavras ao vento...

*Importante: A comissão julgadora pôs em dúvida se teria sido eu que escrevera esse texto, embora soubessem de que eu era leitora voraz de todo tipo de livros: dos infantis a livros de adultos, de Machado, Camões, Eça, Jorge Amado, Hemingway, a revistas em quadrinhos... Afinal, eu não tinha TV em casa e meu pai era um leitor de primeira linha, um autodidata. Além de que minha mãe sempre incentivou a mim e aos irmãos a lermos muito. Comprava, em Santa Maria, todos os livros recomendados por meu pai e selecionados na revista "Seleções".

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