sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sinto vergonha de mim.



Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem- se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto."

Rui Barbosa
(Rui Barbosa deixou de ser senador em 1892 e faleceu em 1923.)



Não sei a autoria da primeira parte dele, recebi assim...
Recebi o texto acima por e-mail. Achei-o tão significativo para reproduzir o que penso sobre o Brasil atual e sobre os seus dirigentes que achei desnecessário fazer uma introdução.

6 comentários:

  1. Penso, exatamente, como tu,. Também sou educadora... e brasileira que ama o Brasil....

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  2. Que bom, educadora anônima que, em ti, encontro solidariedade e percebo que existe quem se indigne com esse estado de desmando.
    Um abraço. Volte sempre.
    Arlete

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  3. Arlete,gostaria de acertar na mega sena para poder mandar reproduzir na capa da zero hora o texto que postatstes,pois poderia morrer tranquilo,já que me sinto impotente para lutar contra os absurdos que estes corruptos cometem diariamente contra nossa Pátria.Ficou evidenciado,caso ainda houvesse alguma duvida sobre o mensalão,o Lula abraçado no Maluf demonstra que ele vende a mãe dele para conseguir seus objetivos.Estou tomando o teu tempo,desculpa.Um bom final de semana,junto ao maridinho...

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  4. Amigo muito querido!
    Realmente, para quem viveu os tempos difíceis da ditadura e via essa corja da petezada denunciando, espezinhando o mundo político, ver o cretino do Lula abraçado com o Maluf, me dá raiva de ter acreditado que a "oposição", que trilhei e lutei, faria alguma coisa. Às vezes,lembrando de minha luta, sinto MESMNO raiva de mi, de ter jogado fora as minhas GRANDES oportunidades. Quanto a lutar, com humildade, faço os meus protestos e me desrecalco escrevendo para Zero Hora. Hoje, mandei um texto abordando a violência e a corrupção no Brasil. Não sei se publicarão.
    Quanto a "me roubar o tempo" nunca o fazes. Sempre é prazeroso ler o que escreves.

    Ah! Tudo bem com a Suzana?

    Um tri legal fim de semana!

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  5. Amigo! Acima errei! Escrevi mesmo e mim errado. Desculpa-me.

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  6. Esse discurso foi feito para criticar a forma como os governantes da imposta república, não pareciam trabalhar pelo povo,mas por seus interesses escusos.

    E em uma de suas citações Ruy Barbosa disse o seguinte:
    "No outro regímen(Monarquia Constitucional Parlamentarista)o parlamento era uma casa de fazer estadistas, na república transformou-se em praça de negócio".

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