sexta-feira, 12 de março de 2010

Palavras ao Vento




Cada vez mais, convenço-me de que preciso de muito pouco para ser feliz. Hoje, numa manhã cinzenta, daquelas em que os depressivos adoram para justificar o seu desencanto, meio reclusa em casa por causa do tempo, resolvi reler os comentários recebidos e encontrei este de Júlio Garcia. Aqueceu-me, novamente, a alma.

*Outro dia, navegando na Net, tive a grata satisfação de descobrir o blog Palavras ao Vento, da estimada e competente Arlete Gudolle Lopes, minha ex-professora de português e francês durante o período em que cursei o antigo curso ginasial, em Santiago. Imediatamente postei um comentário saudando-a, elogiando também a qualidade e a beleza do seu blog. Dias depois, novamente fui surpreendido, agora com a magnífica postagem que ela realizou abordando, dentre outras coisas, meu singelo comentário. Um primor de postagem, uma verdadeira prosa poética que transcrevo abaixo, para socializar com todos vocês, prezados leitores. (Júlio Garcia)

"O sol deu uma rasteira na lua e se apresentou, neste domingo, com intensa roupagem de luz, reinando, absoluto, só para dizer o quanto bela é a vida.


Adoro o astro rei, apesar de ele fazer um estrago danado em minha pele. Em contrapartida, odeio o calor. Paradoxo? Inconformismo? Falta de grana mesmo... Verão deveria existir para quem adora praia e tem o dindim para bancá-la.

Também não gosto de frio intenso, mas tenho paixão por um foguinho de lareira, por deitar-me, depois de um banho gostoso, numa cama quentinha, previamente aquecida.

Em verdade, sou fã número um da Primavera, essa dama elegante, que sabe combinar cores, exagera as nunces delas e, com que maestria, deixa-se envolver por perfumes diáfonos ou exuberantes.

Nessa estação, visto o encantamento extraído das rosas, a ternura retirada dos amores-perfeitos, a desinibição recortada das margaridas, a generosidade contida nos crisântemos, a humildade presente nos cravos e a simplicidade de viver inspirada nas flores silvestres. Aquelas florezinhas nascidas teimosas, abortos da natureza, que surgem meramente pela ânsia de viver...

Levantei-me inspirada e feliz, perceberam? Motivo? Precisa-se de razões para se gostar de viver?

Sim e quantas! A motivação deste enlevo (que, para sorte minha e dos meus afetos, aparece constantemente) é a vontade de mostrar o reconhecimento para detalhes, para determinadas atitudes, para palavras dotadas de alma, que colaboram para me deixar exultante assim.

Hoje, imprimo todos esses sentimentos numa postagem, homenageando Júlio César Schmitt Garcia, que teceu um comentário em Erros Recorrentes, dizendo que este "blog é, além de extremamente útil e bem feito, muito bonito."

Meu coração deu pulinhos de alegria, porque, usando belas palavras, identificou-se, afirmou ter sido meu aluno (escreveu: seu ex-aluno) e isso tudo com refinada concisão e emprego perfeito de vírgulas. Resquícios de meus ensinamentos?

Seria muita vaidade, tratando-se de Júlio, garoto arrojado, que sempre rasgou os seus caminhos à custa de esforço pessoal, de muita garra, de crença incondicional na vida e de vontade inesgotável de vencer. (Nisso, sim, deverei ter usado o meu condãozinho!)

Viver é isso: encantar-se com o nascer e o esconder do sol, rir com o riso dos felizes, olhar a vida com os olhos do coração e saber retirar, da policromia da natureza, a varinha mágica para continuar vivendo... Para mostrar toda a euforia desta manhã, o que postarei, no Tirando Dúvidas, vai para... Júlio Garcia, o galanteador!"

3 comentários:

  1. Arlete

    Nem imagina minha felicidade em encontrar seu belo trabalho.

    Muito obrigada.

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  2. Bom dia, Eliana:

    Quem fica feliz sou eu por encontrar alguém que admira o que escrevo.
    Estarei sempre a tua espera, agradecida também pelo elogio e pelo comentário.

    Um fortíssimo abraço.

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  3. Oi, Eliana:
    Volta aqui amanhã, domingo, para leres um conto que escrevi quando era uma garotinha. Acho que já escrevia de forma bem razoável...

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