terça-feira, 9 de março de 2010

Comercial proibido de Paris Hilton e da cerveja Devassa



Assistiram ao filme? Há sexo explícito nele? Existem motivos reais para que esse comercial seja proibido de veicular? O texto que segue é longo, mas vale a pena lê-lo até o final.

"Mais uma vez estamos diante de uma grande sacada de marketing: a proibição de um comercial de cerveja na TV. A ação estimula a curiosidade. Todos querem ver. É o que está acontecendo com a proibição decidida pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que abriu três processos contra o comercial da cerveja Devassa com Paris Hilton, veiculado durante o Carnaval. Alegam imoralidade. Se não foi uma jogada do anunciante, foi tiro no pé de quem pediu a proibição: a Secretaria Especial de Defesa da Mulher, ligada à Presidência da República, e consumidores.

Voltem ao comercial! Paris não beija e não se roça em ninguém. E está vestida! Mas o comercial certamente mexeu com alguns conceitos e posturas e, pelo visto, incomodou muita gente.

Percebemos que há uma censura muito maior quando se trata do intervalo comercial do que com a programação das TVs. Todos os dias, em qualquer horário, somos soterrados por bundas rebolantes em videoclipes, boquinhas na garrafa pra cá, vai rolar bundãolelê pra lá, seguidos de transas sob edredons nos BBBs e cenas muy calientes nas novelas.

A polêmica começa pelo nome da cerveja - Devassa. E termina na escolha de Paris Hilton - uma ricaça herdeira americana, campeã de audiência em colunas de fofoca, provocadora de grandes escândalos - para garota-propaganda. Nome mais adequado impossível.

O comercial incomodou por inúmeras razões.

Mexeu com o código cultural brasileiro, onde tudo pode ser mostrado, mas não tocado.

Em outras culturas, como a muçulmana, a proibição está no olhar. Aqui, não. Paris Hilton faz gestos que sugerem que está transando com alguém.Não pode! Mesmo em um país que sexualiza quase tudo. A proibição sinaliza que na praia pode. No quarto? Nem insinuações!

Como é que no país da bunda grande, do rebolado, dos seios siliconados, das morenices, da nudez nas praias, nas TVs e na avenida, aparece uma americana branquela, herdeira rica, espalhafatosa, sem jeito nenhum para sambar, sem jinga, e rouba toda a atenção?

Passamos dois meses vendo a preparação para os dias de Carnaval, músculos à mostra e nudez por todo lado, samba no pé e tudo mais que envolve a maior festa popular do país. Então chega uma loira abonada, sem bunda e sem coxas, sem talento, que nem brasileira é, e concentra todos os holofotes? A mágoa tomou conta.

Incomodou também porque teve mais visibilidade do que outros concorrentes maiores.

Aliás, uma das denúncias é de concorrente da cerveja fabricada pela Schincariol. Como pode uma marca tão pequena fazer um barulho tão grande? Paris Hilton e a cerveja Devassa tiveram muito destaque em colunas e no noticiário diários sobre o Carnaval. Ela ofuscou a presença comportada e politicamente correta de Madonna porque era a novidade da festa, alinhada ao espírito da folia que tomou conta do Brasil, uma caricatura explícita e sem nenhuma vergonha!

Paris Hilton é bem fraca como atriz, mas o comercial fala de desejo, apoiado no impulso mais em voga hoje, o voyeurismo, e seu parceiro inseparável, o exibicionismo. Não mostra nada. Insinua o que poderia acontecer. Tirar toda a roupa? Convidar alguns dos espectadores para subir em seu apartamento? Talvez o mal que alguns percebam esteja aí. Nossa mente é criativa, viaja e pode parar em alguns lugares que, para muitos, são proibidos. Estávamos acostumados a sensualidade mais explícita.

A questão de transformar todos em voyeurs, pessoas da rua, até o fotógrafo da janela indiscreta, é o que pode pegar mais forte. Escancara nossos instintos mais secretos de espiar pelo buraco da fechadura. Não sabemos se ela vai tirar a roupa, nem o que fará com a lata de cerveja. Ela apenas provoca o nosso desejo. Nos sentimos convocados para pegar a cerveja e Paris Hilton. A piadinha final (destinada a adultos) dá um toque de metalinguagem e duplo sentido. O fotógrafo sendo apanhado pelo olhar da loira que o obriga a recuar. Divertida democratização do olhar.

Voltem ao comercial outra vez. Viram algum excesso?

Mandei o comercial para vários conhecidos: psicanalistas, publicitários, estudiosos de comunicação. Todos foram unânimes. Não viram nada de excesso nele. Os comerciais de cerveja estão cheios de bundas, suor, rebolados muito mais objetivos.

Só o que os concorrentes não esperavam é que o tiro saísse pela culatra. Verdadeiro tiro no pé, mesmo! Houve mais de 400 mil acessos na Internet. E muitos consumidores pedindo que a propaganda volte! Grande jogada! Olhem a quantidade de mídia espontânea (inclusive a minha, neste blog) que já foi gerada com a desastrada intervenção da censura!"

Texto escrito por Alfredo Fedrizzi, publicitário e jornalista e adaptado por mim.

Voltem ao topo desta página outra vez. Olhem os outros vídeos vinculados, por favor!

Em tempo:

Esse tipo de censura, transportou-me para o tempo de minha juventude em que os rapazes, (inclusive o meu marido) pediam as moças em casamento após , no máximo, quatro meses de namoro.

Motivo?

A certeza de estarem se casando com moças virgens e essa era a normalidade. Sabiam que não adiantaria tentá-las... Só casando! E não era hipocrisia, não ! Era conceito, ética, postura moral tecida pacientemente pelas mães. Bons tempos aqueles...


Hoje, a virgindade é motivo de chacota. Exemplo disso é a personagem Mia de Viver a Vida que, por preservar-se virgem é, dioturnamente, torturada e motivo de deboche pela irmã Isabel. Como se a opção dela fosse uma demonstração de cafonice, retrocesso feminino e a heroína, uma ave rara perdida em uma utopia desprestigiada numa pretensa modernidade.

Quem ganhou? Quem perdeu?

Creio que ambos, homens e mulheres...por entranhados motivos aprisionados no inconsciente e por verdades escondidas nas entrelinhas...

(Ah! Queria voltar ao tempo das sinhazinhas, das mulheres adornos do lar quando tinham "ajudantes" até para lhes pentear os cabelos e não precisavam enfrentar tripla jornada de trabalho. Viramos escravas porque precisamos conquistar nossos espaços todos os dias para provarmos que somos capazes numa guerra sem tréguas. Viramos escravas da eficiência, das regras de beleza, da necessidade de sermos esposas, amantes, mães e profissionais perfeitas. Verdadeiras mulheres bombril, com mil e uma utilidades.

Éramos mulheres livres, mas não libertas, mas não sabíamos dessa nossa linda condição!)

Saudosismo de um tempo que não vivi? Talvez... Quem sabe não seria uma linda princesa vivendo num reino encantado, sem fazer absolutamente nada, com muita "sombra e água fresca" e, de lambujem, teria uma fada-madrinha para concretizar todos os meus desejos...

3 comentários:

  1. Arlete,como somos contemporâneos,fiquei cismado com algumas colocaçoes,as moças eram recatadas concordo,pelos tempos ,cultura,colégio de freiras etc,mas cito uma caso próprio,namorei e tive o maior respeito,nunca fomos além dos normais "amassos",numa linguagem atual,recordo uma unica vez ousei tocar nos seus seios,a casa caiu,foi uma choradeira,inclusive o autor do "crime",depois me retrai,mas no fundo pensava,o susto já passou,quem sabe não devo investir um pouco mais em ousadia,não deu tempo levei um pb.Eis a questão se tentava era safado,se não tentava era "banana".Os tempos mudaram...Abraços

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  2. Oi, Arlete, li o que a pessoa acima escreveu. Em partes concordo com ele, será que nós, as moças daquele tempo é que eramos hipócritas e as meninas de hoje são muito mais autenticas, o que tu me diz sobre isso?
    oi, achei muito boa a reportagewm sobre o comecial da devassa. Se fizessm uma devassa no Brasil, não seria otimo?

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  3. Olá, Amigos:
    Desculpem eu usar um único espaço para responder aos dois. Tempo escasso! Posso afirmar que não me sentia "deslocada" daqueles conceitos acerca da virgindade. Concordava com eles e os vivenciava. Quanto às meninas de hoje, posso dizer aos dois que me senti aliviada quando a minha única filha se casou. Não teria estrutura moral para vê-la trocando de parceiros como constatava com as garotas que meus filhos traziam para os seus quartos. Levava cada susto! Às vezes, eram meninas que eu acreditava (e as mães delas que eram minhas amigas...) também acreditavam serem bem mais recatadas. Outros tempos, é verdade, mas ter uma única filha, e casada, fica de bom e feliz tamanho para mim. Estamos entendidos?
    Um forte abraço aos dois e voltem sempre.

    P.S.: Viram como a minha garota é linda? AS fotos dela encimam a postagem "A minha Rosa". Voltem lá e me digam se não tenho mil razões para ser doidamente apaixonada por ela? Ficou ainda mais bonita após a maternidade!

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