quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Quidan, Cirque du Soleil, 2010

Uma de minhas paixões é assistir a espetáculos circenses desde os mambembes de precária estrutura aos mais sofisticados e completos como o Cirque du Soleil. Em 2009, tive o privilégio de estar presente na apresentação do Alegría em Porto Alegre. Naquela oportunidade, chorava e ria, tomada pela emoção diante de tudo o que presenciava.

Jamais imaginaria que o ser humano, tão frágil, poderia superar os próprios limites quer em malabarismos incríveis, quer na diversidade de imagens, criatividade, beleza, emoção, quer no perfeccionismo dos números apresentados e no ineditismo do desempenho dos palhaços. A todo momento, agradecia por estar viva e ali, deslumbrando-me com a grandiosidade do Cirque du Soleil e do espetáculo Alegría.

Em maio deste ano, mais uma vez, assistirei ao espetáculo nominado Quidan. Curiosa, pesquisei as bases da apresentação e procurei vídeos que mostrassem partes desse espetáculo que ora mostro aos meus visitantes.







Tudo isso...sem rede de proteção!


Quidan, o que significa?

Um transeunte sem nome, uma figura solitária numa esquina, uma pessoa passando apressadamente. Poderia ser qualquer um. Alguém chegando, partindo, vivendo na nossa sociedade anônima. Um elemento na multidão, um entre a maioria silenciosa. Aquele dentro de nós que grita, canta e sonha. É este o Quidan que o Cirque du Soleil celebra.

Uma jovem mulher está furiosa, viu tudo o que há para ver, a vida está perdendo todo o seu significado. A raiva está destruindo o seu pequeno mundo, e ela está no universo do Quidan. Ela se juntou a um companheiro alegre, assim como outra personagem, mais misteriosa, que vai tentar seduzi-la com o maravilhoso, o inquietante e o assustador.

O fantástico mundo de Quidan

Técnica apurada, direção artística impecável e amor pela profissão.

Há quanto tempo você não dá uma boa risada, daquelas de doer a barriga? Ou fica tão impressionado que a boca abre, a vista arregala? Assim como muitos de nós, a menina Zoé também não lembra. Os pais a ignoram, ela está aborrecida com o mundo. De repente, um estranho ser sem cabeça, portando guarda-chuva e chapéu coco, bate à sua porta. Uma trovoada. A criatura entrega o chapéu à garota. A partir daí, tudo muda. Os pais são içados em suas cadeiras e a sala de estar transforma-se em mundo mágico. Bem-vindo à Quidan.

Quidan vem do latim e significa “transeunte”. Quidan é a criatura sem cabeça, um anônimo solitário que passa pela rua. Nesse sentido, repito, Quidan sou eu, é você, somos todos nós. Comparado a outros trabalhos da companhia, como “Saltimbanco” e “Alegría”, é o mais teatral - por trás do figurino, da técnica apurada, da iluminação e da trilha sonora, há uma história. Talvez por isso Quidan consiga atingir, de maneira fulminante, tanto crianças quanto adultos.

Encantamento

Desde 1993, o Cirque é parceiro da Jeunesse du Monde (Juventude do Mundo), do Canadá, que, em colaboração com várias ONGs daquele país, do Brasil e do Chile, iniciou o projeto “A Aliança dos Jovens de Rua pela Voz das Artes”. O objetivo é realizar oficinas de circo com jovens em situação de risco.

A alegria permanece ao longo das duas horas de duração de Quidan, provando que crianças são, de fato, a plateia mais generosa. No picadeiro, uma mescla de teatro, dança e arte circense, em números de contorcionismo e malabarismo com cordas, aros e barras. A técnica impressiona. Destaque para Cory Sylvester e sua Roda Alemã, manobrada com precisão no palco giratório; para o grau de dificuldade do número Statue (“Estátua”), no qual Jérôme le Baut e Anna Vicente constroem poses com o corpo sem nunca perderem contato um com o outro, em um exercício de extrema força e equilíbrio; e, finalmente, para a divertidíssima apresentação do palhaço Toto Castineiras, que arranca risadas de todo o público. O artista chama pessoas da plateia para participar.


MOMENTOS

Talento:
Mark Ward, que faz o personagem John, ao lado de Ella Bangs, que interpreta a menina Zoe. Ward é dançarino profissional e está em Quidan há 11 anos.

Humor:
Toto Castineiras faz o palhaço. Com muita mímica, estilo burlesco e participação da plateia, o artista garante risadas de todo o público, em dois números irreverentes.

Agilidade:
As meninas Chen Liu, Deng Lu, He Yuxiao e Liu Quianying, com seus diábolos. Sintonia e destreza são condições necessárias para o número, que encanta a platéia.


Fonte: ADRIANA MARTINS
Repórter

E.T.: Não percam esse espetáculo!

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