segunda-feira, 10 de maio de 2010

A utopia e o desenvolvimento


Questionada sobre o que faria se acertasse sozinha na Mega Sena, respondi que pagaria contas, ajudaria meus afetos, construiria escola modelar e formaria equipes especializadas no controle da natalidade. Educação e nascimentos responsáveis, aliados à disciplina, ao planejamento, à desburocratização, ao combate à corrupção e à impunidade, representam opções seguras para o desenvolvimento brasileiro.

Quanto à instituição, embasar-se-ia na ideia de educação permanente, livre e sequencial, embora, ao longo da história, já faça parte da vida de poucos privilegiados. A novidade seria o ato de tornar a educação acessível a qualquer cidadão e, o mais rápido possível, democratizá-la-ia para que não se restringisse à mera transmissão de conhecimentos anacrônicos e impessoais. Transformá-la-ia em local onde ensinar fosse “o conjunto de lugares vocacionados para conceber, informar e exercitar os indivíduos para o desenvolvimento pleno de potencialidades”, valendo-se de museus, bibliotecas, teatros, cinemas, quadras de esportes, entidades comerciais, religiosas e militares. Com tais recursos, sobressairiam ensinamentos que não dependeriam de professores isoladamente. Deveriam alicerçar-se em projetos educacionais que procurassem dar ao educando as diretrizes para seu crescimento.

Essa escola receberia pessoas de todas as idades, em que ensinar-aprender tomaria o caráter de entretenimento produtivo e o aluno seria estimulado por pedagogia que insistisse no aspecto lúdico e criativo da aprendizagem, apoiando-se em satisfações propiciadas pelo esforço da descoberta de conhecimentos novos, em que o educador não monopolizaria o saber, mas abriria caminhos para que o aprendiz o aprofundasse através de livros, revistas, jornais, televisão, rádio, internet e da própria vida.


Quanto ao crescimento, formaria grupos dedicados em controlar a natalidade de classes sociais carentes, uma vez que a estratificação média e rica já o fez espontaneamente. Esses especialistas, através de atividades efetivas, palestras esclarecedoras que atingissem a todos, alertaria para a premência em assim agir, uma vez que a população aumenta irresponsável e incontroladamente entre os miseráveis. Motivaria políticos para elaborarem leis saneadoras desse problema que, impulsionados pelos anseios populares, engajar-se-iam nessa batalha.

Insistiria na adesão popular a tão nobre causa, porque o povo saberia que o seu engajamento centralizar-se-ia na erradicação do desemprego, da violência, da falta de moradias, de vagas em escolas, em hospitais, da exclusão social e de tantas outras mazelas. Faria acreditarem em que o Brasil se levantaria e caminharia em busca de futuro alvissareiro, desde que políticos ajudassem nessa empreitada e que religiosos não atrapalhassem

>Publicado dia 23 de agosto de 2006, Jornal Zero Hora, página 23.

2 comentários:

  1. Cara professora,
    Li este seu texto quando foi publicado. Senti orgulho de ter sido seu aluno.
    Bjs.

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  2. Aluno querido:
    Nem podes imaginar o quanto fiquei feliz por tuas palavras e o quanto te agradeço por teceres esse comentário.
    Volta sempre. A casa tem portas largas.
    Um abraço.

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