segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Se ou talvez...


Depois de muito tempo, passei o Ano-Novo só com o meu marido e um filho, o Vinícius. No início, achei tudo muito estranho, pois, conforme desejo deste, deveríamos apenas comer um lanche antes da meia-noite. Animei-me, porque 2012, sim, teria uma entrada diferente. Enquanto aguardava o epocar e o brilho dos fogos de artifício, sobrou-me tempo para analisar a vida presente e pretérita. Jamais havia feito reflexão alguma. Súbito, deparei-me com um se inconveniente.

E se eu não tivesse me casado, ou se o tivesse feito com o primeiro namorado? Se eu não tivesse tido filhos ou apenas uma filha? Se eu tivesse sido médica e não professora? Se eu não tivesse recusado a bolsa de estudos em Paris? Se eu acertasse na Mega Sena sozinha? Se eu tivesse sido uma filha e irmã melhor? Se eu tivesse sido uma mãe e esposa mais presente? Se eu tivesse trabalhado menos e amado mais? Se eu houvesse dançado à luz da lua, beijado sob as estrelas, rolado na areia fazendo amor? Ah! Se eu tivesse..., quem sabe ainda farei...

Foi então que, retornando à chegada de mais um  novo ano, dei-me conta de que o “carpe diem quam minimum credula postero”, sábias palavras de Horácio, encaixavam-se como luvas na minha realidade circundante. Ao “colhe o dia presente e desconfia do futuro”, poderia ser acrescido de um talvez.

Acordei dos devaneios, porque o que conta é saber aproveitar o presente, desconfiar do futuro e acreditar que o se mantém um pé no passado e se perde no futuro, porque traduz algo que poderia ter acontecido, mas não se realizou. E o que importa, mesmo, é o aqui e o agora. O que tenho, não o que perdi. O que quero, jamais o que deixei de querer.

O que preciso é ser mais solidária com as pessoas, viver menos enclausurada num mundo muito íntimo e quase intransponível. Vou, portanto, visitar mais, sair mais, amar mais, doar mais, ser mais, muito mais... Que venha 2012, pois. Abro as portas da minha vida para o ano que ora nasce.

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