quinta-feira, 22 de julho de 2010

Amigos em baixa?


Tenho um amigo blogueiro chamado Eduardo Lara Resende, que escreve textos lindos em pretextoselr.blogspot.com. Não lhe pedi licença para copiar e colar a crônica que posto abaixo. Preservo os direitos autorais e os créditos. Creio que não ficará desgostoso comigo. (É uma singela homenagem que presto a ele e uma oficialização de que gosto muito de tudo o que escreve e de que sempre visito o seu blog).

O título do texto eduardiano é "Amigos em baixa?"

"Não pode ser só impressão. A vida parece cada vez mais de cabeça para baixo. Ou de ponta-cabeça. As alegrias deixam rastros cada vez menos visíveis, dificultando-nos seguir-lhes a pista. O amontoado de acontecimentos e informações que desagradam ou entristecem é farto e pontual. Basta ler os jornais. Se a maioria não lê jornal, então será suficiente assistir aos noticiários, andar pelas ruas, conversar com o vizinho ou trocar impressões em família. Notícia ‘boa’, quase que só na propaganda oficial.

Um velho editor de jornais costumava dizer, a título de consolo a quem se queixasse com ele, que bastaria pensar quantas pessoas não se levantariam a partir daquele dia. Tão radical quanto desnecessário, o raciocínio fica próximo a provérbio muito em uso no passado, segundo o qual o bom cabrito não berra. Na ilusão de se transformarem em 'bons cabritos', quantos jovens não terão engolido o berro e sufocado o pranto da indignação e da revolta diante da injustiça e da desigualdade? E, a partir do silêncio cruelmente imposto, quantos não terão se habituado a cultivar a baixa estima e a indiferença, a covardia e uma espécie de 'adesismo versátil' adaptando-se, sem senso crítico ou opinião própria, à situação do momento?


Queixas e protestos de hoje talvez reflitam não mais que os silêncios de ontem. A Saúde anda péssima, a Educação não fica atrás. A Política é indefinível, os políticos causam aversão. Polícia e Justiça são encaradas com reservas. E o futebol? A programação da TV? O trânsito e o custo de vida? Os impostos? Desalento, só.


Na tentativa de colorir rotina cinzenta, esforça-se para buscar no nada as tintas do que se apresenta como novidade. É então que inverter tudo passa a ser uma opção para inovar. Há algum tempo se decoram ambientes, para festas de final de ano, com árvores de Natal de cabeça para baixo. É também esta a posição das fotos de cães, em site direcionado a admiradores entediados e que – pode-se supor – gostariam de escapar da tal rotina, mas não sabem ainda como manter o Totó com as quatro patas para cima.


A ‘criatividade’ passa pela Arte de maneira geral (na música, Ana Lúcia Franco narra um bom exemplo em http://brasilhas.blogspot.com/ ) e chega à escrita, onde já se usam letras de cabeça para baixo. Até na fotografia existe grupo especializado em utilizar as câmeras exclusivamente voltadas para o solo.


Pode estar passando o momento de se rever juízos de valor. E como hoje se comemora a Amizade, então bem se poderia começar por ela, recolocando-a no justo pedestal que já ocupou. Porque, sem amigos verdadeiros, a solidão se apressa. Imensa e sem criatividade alguma."


Postado por Eduardo Lara Resende, in pretextoselr.blogspot.com

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