sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um elogio às avessas




Quando fui fazer a minha nova carteira de identidade, cuja finalidade era uma viagem a Buenos Aires, houve uma falha no sistema, por isso, perdi os aprontes. Para sair bem na foto, penteei-me e me pintei com esmero. Estava bem, como dizem os cavalheiros para não melindrar o inquirido. Ao buscar o RG no dia aprazado, fui informada de que deveria fazer tudo de novo, inclusive aquela malfadada foto instantânea das repartições públicas relacionadas à confecção de documentos.

Sem tempo para grandes investimentos pessoais, visto que viajaríamos no fim da mesma semana em que a falha ocorreu, decidi refazer a carteira naquele momento. Para quê! Quando fui buscar o documento novo, a pessoa que o entregou para mim, um ex-aluno, olhou-me, fixamente, dizendo: Professora, esta não é a senhora! Vamos fazer outra carteira? Ri muito e o aluno também porque, realmente, aquela imagem estranha era o lado bruxa que nem eu conhecia. Ainda rindo muito, perguntei-lhe se alguém saía bem naquele tipo de foto. Resposta: Nem a Gisele Bünchen!

Não queria sair na fotografia com a mesma cara que eu tinha aos 16 anos (como na foto acima), mas, aparecer num documento tão importante como ao RG com cara de bandida, isso não mereço. Será que essas maquinetinhas fazem questão de igualar os fotografados aos mais temidos meliantes?

Como não dava mais tempo para fazer outro documento, aceitei o RG com uma mulher “que não era eu”. Quando me apresentei para o embarque no aeroporto, ao lhe alcançar a carteira de identidade, o atendente olhou-me atentamente. Retornou o olhar para a foto da CI e se saiu com isto: Desculpe, senhora, mas vou ter que confrontar a sua assinatura. Essa não é a senhora!

Naquele momento, acreditei que eram verdadeiros os elogios das pessoas ao me encontrarem com novo corte de cabelos e óculos novos. Uma boa repaginada no visual transforma uma bruxa quase numa rainha. O reverso também é verdadeiro. Foi, justamente, ao me deparar com a foto horrível da CI, que decidi mudar o visual. Para melhor, é claro! (Escondo a nova RG como o Drácula se esconde da cruz e dos alhos).

Acredito, piamente, que só é feia a mulher que não usa dos artifícios que o mundo da cosmética oferece e não faz um bom corte de cabelos realizado por mãos de fada como a Débora, uma cabeleireira espetacular, de origem uruguaia, (descoberta por minha filha Daniella) e a quem confio para dar uma melhorada no "contexto".

3 comentários:

  1. Arlete,como gosto de ver esta tua foto,creio que os teus familiares e amigos também tem saudades desta estampa que aos poucos se transformou nesta senhora,que não perdeu a sua beleza e simpatia.

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  2. Arlete,me desculpa pela grosseria,usar "estampa",para te fazer referência foi imperdoável,mil perdões.Se possível.

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  3. Boa noite, amigo querido!
    Não me ofendi com o "estampa", tal foi a lisonja sentida com "se transformou nesta senhora,que não perdeu a sua beleza e simpatia". Adorei o elogio. Só isso elimina qualquer outra expressão desairosa. (Envelhecer não está sendo nada fácil para mim). Aceito as marcas do tempo, mas...

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