sábado, 19 de maio de 2012

Olha eu em Zero Hora de novo



Oba! Saiu mais um artigo meu em Zero Hora, na página 17, de hoje, sábado, dia 19 de maio de 2012 e que publico a seguir. 

                                A corrupção e o Brasil

Os brasileiros estão estarrecidos com a corrupção que eclode em todas as esferas de governos. Por que isso ocorre? Para se entender essa chaga, deve-se reportar à época do descobrimento quando o povo herdou os estigmas da marginalidade, lembrando que o Brasil teve a origem a partir de brancos, negros e índios. O branco, oriundo da escória renegada pela sociedade de Portugal à época da colonização, que veio para povoar a nova terra, constituía-se de degredados, ladrões, assassinos e prostitutas. O negro, tornado escravo à força, era visto como uma raça inferior e, para sobreviver, assimilou a conduta irregular dos brancos. Já o índio, por ser o mais indefeso, perdeu a identidade e se viu corrompido pelos outros dois. Ao se misturarem as três raças, surgiu um povo propenso a tirar proveito de tudo e essa miscigenação, acrescida de maus hábitos legados por imigrantes europeus, deixou marcas indeléveis na cultura brasileira.

Através de atos praticados entre familiares, amigos e desconhecidos, pode-se avaliar a extensão dos danos causados pela aculturação de valores pouco aceitáveis. As tão decantadas mentiras sociais, o ato de furar a fila de espera, a necessidade de quem indica para se conseguir emprego não servem como atitudes a serem condenadas? A mãe que manda o filho mentir que não se encontra em casa está induzindo-o à cultura da aceitabilidade do que é errado. O transeunte, ao apossar-se de flor ou planta de jardim público ou privado, infringe regras de respeito ao alheio. Os donos e os gerentes de comércio que usam de múltiplos estratagemas para camuflar beleza, peso, inclusive a validade dos produtos e as propagandas enganosas não podem ser arrolados como exemplos negativos? O pai motorista, que dirige desrespeitando regras de trânsito, serve como péssimo modelo de condutor ao filho, cuja conduta irregular poderá ser reproduzida por este. Alguém que, ao receber um valor a mais por conta de pagamento ou troco, ao não denunciar o lapso, não pratica ato reprovável?

Outros exemplos poderiam ser arrolados, sem esquecer os milhares de brasileiros que procuram levar vantagem em tudo, que se vangloriam de usar o famigerado jeitinho e praticam, sem remorso, o toma lá da cá. Por tais argumentos e por ser um povo muito crédulo, torna-se vulnerável ao assédio à corrupção, à desonestidade e à alienação, além de que, por ter memória volátil, olvida os erros cometidos por ele e, principalmente, por políticos. Tanto é que muitos destes, mesmo tendo sido condenados por ilegalidades várias, elegem-se com facilidade. Para se combater esse cancro nacional, só existe uma saída: investir nas crianças, oferecendo- lhes educação centrada em bons princípios, valores e exemplos de dignidade, honra, amor à pátria e à família. No entanto, sem que haja o comprometimento dos adultos por se esforçarem a agir com correção, nada mudará.

2 comentários:

  1. Bom dia, Arlete!

    O artigo é oportuno e merece uma profunda reflexão de todos nós. Poderia chamar-se de "As raízes da corrupção no Brasil", pois aborda com clareza o cerne da questão que permeia as relações políticas e sociais no país. Começa no ambiente familiar onde se moldam, nas crianças, valores e princípios éticos e morais permanentes, que, infelizmente, nem sempre se fortalecem ou se transformam nos bancos escolares.

    Valeu. Ainda tenho esperanças!!!

    Vulmar Leite

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  2. Bom dia, Vulmar!

    Nossa! Um elogio oriundo de uma pessoa tão culta, tão experiente e conhecedora das profundas mazelas que envolvem o país, faz com que eu me incentive a escrever mais, melhor e me rege a pontuar, através da palavra, toda a minha tristeza e inconformismo com o que se passa neste país que amo tanto.

    Obrigada, amigo muito querido. O teu comentário evola-se além deste espaço e registra a tua indignação associada à minha.

    Um forte abraço.

    Arlete

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