quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Históras que vivi 2.


Como já ressaltei anteriormente, às vezes, pareço nefelibata, ou seja, a ideia que passo é a de que vivo nas nuvens, desligada do real sentido dos acontecimentos. Credito a isso à capacidade que possuo, e alimento com muito carinho, de me envolver e realizar muitas coisas ao mesmo tempo, não dando chances para a ociosidade.

O que relatarei, hoje, foi rememorado por minha irmã Adejane, que já presenciou muitas de minhas atitudes de desligamento.

Avessa a funerais, a missas de sétimo dia, a visitas de condolências, ações de sociabilidade forçadas, dificilmente reavivo a morte de um ser querido através de “meus pêsames”. Salvo se, por querer muito bem ao falecido ou falecida e aos seus, obrigo-me a participar de solenidades fúnebres. Quero dizer, para estar nas exéquias de alguém, seja homem ou mulher, tenho que amar muito o defunto, senão, não contem comigo para chorar o morto. Por essas razões, muitas vezes, esqueço-me se determinada pessoa está viva ou se já plantaram um lindo jardinzinho em cima dela.

Houve uma época em que eu gostava de sair às compras em sábados e, de preferência, chuvosos. Pois chovia torrencialmente quando entrei em uma loja, cujos donos eram amigos muito apreciados por meus pais. Logo na entrada, encontrei-me com a dona do estabelecimento. Efusivamente a cumprimentei, cingindo-a num caloroso abraço e beijos estalados. Passada a emoção do encontro, caí na asneira de fazer a seguinte pergunta: “E o seu Tamiosso, dona Geni, como vai?"

Pra quê!? A gentil senhora desatou numa choradeira danada! Eu, tentando consolá-la, invento de intensificar nova pergunta: “Não me diga, querida? O nosso bom amigo está doente! Não sabia! Desculpe!” Quanto mais eu falava, mais a grande dama caía num choro convulsivo e ascendente.

Já desesperada, não sabendo mais o que dizer e fazer para estancar toda aquela choradeira, arrematei com um tiro certeiro e mortal e, agora, já chorando também “ Não me diga, dona Geni?! O seu Tamiosso morreu? Aí, vi a coisa feia. Se antes a minha amiga chorava, a partir daquele momento, desatou numa risada que findou em gostosa gargalhada. Pensei: “A velhinha pirou ou está faceira! O marido deve estar com câncer! E terminal!”

Já não sabia mais se continuava chorando, se ria com ela ou me calava para sempre. Como o riso é contagiante, ria a Geni, ria eu, ria a loja inteira. Para arrematar e acabar com a histeria, ainda tentei remediar: “Mas, afinal, amiga, onde está o seu Tamiosso?”. Nova choradeira. Entre uma fungada e outra, a inconsolável senhora finalizou: “Filhinha, o Tamiosso já morreu faz cinco anos; tu e o teu pai foram ao enterro dele!”
Nossa! (aqui plagiando o Stanislaw Ponte Preta), nunca se chorou tanto sem se dar bola pro defunto...

8 comentários:

  1. Amiga, estou amando as historias engraçadas de sua vida. Já era fã seu e de seu blog que, por sinal, esta cada vez melhor. Que surpresas me reserva?
    Abçs.

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  2. Olá, Amigo:
    Fico muito contente de estares gostando de minhas histórias. E, acredita, são verdadeiras. Sou atrapalhada meeeeesmo.
    Agradecidíssima pelos elogios e pela assiduidade.
    Um abraço.

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  3. Arlete, querida... estou as gargalhadas com teus relatos!!!!! Mto legal!!! Um melhor q o outro!..rs..
    Beijos mil da Carlota :D

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  4. Carla adorável!
    Vais morrer de rir, amanhã! A história se passou num funeral. O terrível desses relatos é que aconteceram do mesmo jeito como estou contando.
    Relendo-os até eu os acho muito engraçados.
    Volta aqui amanhã.
    Um abraço muuuuuuito carinhoso.

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  5. Tia Arlete...amei o blog com certeza vou ler sempre que posso...dei boas risadas com suas histórias.... Saudades..tudo de bom beijos Carina

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  6. Oi, Carina querida:
    Saudades tuas também. Fico feliz que tenhas gostado do blog e isso me incentiva a tentar torná-lo ainda melhor. Estarei te esperando sempre.
    Um abração.

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  7. Tu é uma figuraça...que bom que é minha mãe...mas acho que não podes jamais esquecer da história da dona da loja aquela....que a gente ri até hj quando os irmãos se encontram....beijão!

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  8. Filhinha:
    Já escrevi sobre o fato. Há tantas histórias engraçadas em que fui protagonista que renderia um livro. E com meus alunos, há coisas difíceis até de acreditar...
    Tu estás gostando mesmo dessas minhas narrativas? Uma pergunta "que não quer calar": tu não ficavas envergonhada por eu fazer tantas trapalhadas? Sempre tive medo da resposta!

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