sábado, 5 de junho de 2010

Educação de qualidade, como?


Continuando sem tempo para elaborar um bom texto, recebi este, enviado por e-mail, de uma educadora paulista e resolvi publicá-lo neste espaço. De imediato o reconheci como não poderia ser o contrário, porque foi escrito por mim. Fora publicado em Zero Hora, no dia 25 de julho de 2008, na página 21.

A mestra enviou-mo porque havia visitado este blog e associou-o ao meu nome, alertando-me de que o lera em uma revista sobre educação e que gostara tanto do texto como do blog. Estou publicando isso para me redimir do comentarista depreciador do que escrevi na postagem sobre os verbos problemáticos e mostrar que há leitores que apreciam os meus escritos. Estou aliviada, pois.


*Educação de qualidade, como?

Os professores poderiam festejar o anúncio do piso nacional do magistério, não fossem os vícios de origem e a falta de propostas concretas para se desencadear educação de qualidade nas escolas como um viés salvador do país. No lugar de desânimo, esse impasse negativo deverá servir de estímulo a reflexões aprofundadas junto a educadores, pais, alunos e políticos, sabedores de que o Brasil emergirá do caos em que se encontra através da educação dos pequeninos e jovens.

Sabe-se que a educação vai mal porque governantes não a priorizam, porque a família delega à escola e omite-se da responsabilidade de, em parceria com ela, educar os filhos, além do despreparo de muitos professores para lidar com a complexidade que é o ser humano em seu diversificado evoluir cultural e do desinteresse do aluno por aprofundamento de conteúdos a lhe serem ministrados.

Urge que se ofereça a educadores a oportunidade de ajudarem a salvar o país através de educação de qualidade, mas o que devem fazer? Devem olvidar nefastas vivências incorporadas durante o período escolar e universitário porque, depois de formados, revivem a assimilação negativa nas escolas outra vez; apagar de suas práticas a supervalorização do desempenho individual, da inteligência e da memorização, reveladores da discrepância entre o que se ministra em classe e a vida existente fora dela, capazes de sobrepujar a criatividade, a vontade de fazer melhor e a criticidade, fatores impeditivos do pensar e do real interesse do aluno.

Com isso, muitos professores transformam-se em repassadores de conteúdos, relegando a patamar inferior a clientela a ser educada por eles, além dos programas tirânicos, dissociados da realidade com que devem interagir e que precisam ser cumpridos rigorosamente, temendo a cobrança oficial e o crivo dos que os substituirão na série seguinte, mais o salário indigno da função desempenhada, desestimulador das ações educativas eficientes, induzindo-os a trabalharem em diversas escolas ou a executarem outras atividades para sobreviver, sobrando-lhes pouco tempo para o preparo intelectual.

Verdadeiros mestres querem acertar e precisam de um timoneiro à altura de suas necessidades, que lhes aponte perspectivas para desencadearem educação permanente e plena. Uma vez lançado o desafio, educadores dedicados seguirão o exemplo motivador e dispor-se-ão a ensinar a nova geração conforme o almejado. Preparados adequadamente, revestidos de humildade e anseios de aprender novas metodologias e técnicas, esforçando-se em aprimorar a divulgação do aprendido, saberão corresponder aos anseios da sociedade, que, reconhecendo-lhes méritos, começará a valorizá-los, destacará sua importância, coroando-lhes o esforço através de salários dignos da missão educativa. Esperam-se, superiores ao valor oferecido.


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