sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Um carinho para Vanessa

Dentre os muitos elogios (e críticas também) que tenho recebido no período em que venho atuando como educadora, um deles tocou-me profundamente. Veio de uma leitora do último texto escrito por mim e publicado em Zero Hora. Uma adorável garotinha, pré-vestibulanda, aVanessa Soares, futura professora e, pelo questionamento acerca de um parágrafo não entendido por ela em "Educação de qualidade, como?", já promete ser das melhores. Interrogada por ela, justificando-se por não haver entendido o que escrevi, pude perceber o quanto, às vezes, pela riqueza vocabular usada para expressar posicionamentos, nós, educadores que buscamos acertar em nossas propostas, terminamos usando uma linguagem hermética (fechada), esquecendo-nos de que nossos leitores ou ouvintes, por desconhecerem o significado das palavras empregadas ou por não terem um bom dicionário para pesquisar-lhes o significado, desestimulam-se e desistem de finalizar a leitura de um texto.

Vanessa, não! Foi além, enviou-me e-mail, querendo saber, exatamente, o que eu quis dizer com meus escritos. Comoveu-me foi a bela surpresa de saber que leem (já sem acento para "respeitar" a lei ortográfica e não haver estranhamento por parte de meus desavisados leitores) o que escrevo, mas o que tocou, ainda mais, foi a resposta dela, agradecendo por eu ter explicado, em detalhes, a minha postura escrita.

Menina querida, agradecida somente deveria ter ficado eu por roubares tempo precioso dos estudos e investir nas dúvidas que te acometem. Nada pior do que se cometerem gafes sobre o significado de vocábulos por vaidade em dizer "não sei o que isso significa".

Exemplos disso, reproduzo agora: falando sobre o proselitismo que domina a fala dos políticos, sobre as minhas dúvidas como agnóstica e sobre o amor telúrico que toma conta dos gauchos na Semana Farroupilha, minha interlocutora, mestra universitária, trocou tudo. Confundiu proselitismo com comunismo e achou que era uma novo partido político; para ela, agnóstica era "crente" de uma nova religião e amor telúrico o que será que pensou que era? Teria achado ser uma nova proteção de tela de computador?

A conclusão a que cheguei foi que, ao buscar o maior aperfeiçoamente na área em que atua, relegou a outros planos a leitura de bons textos, olvidando o velho e bom "amansa burro" ou seja, o DICIONÁRIO. Por esses motivos é que estou elaborando este testículo (não, não é o órgão masculino!) É um texto pouco digno para homenagear VANESSA SOARES, que se instalou em minha vida como um lindo sol, escondendo-se num fim de dia para ressurgir, radioso, numa nova aurora.

Um comentário:

  1. Lindo!! Amei o texto. Fiquei emocionada. Sinto-me muito honrada em receber todo esse carinho.
    Acabei de decidir que farei letras licenciatura, não mais bacharelado.
    Era o empurrão que eu precisava. Muito obrigada Arlete.
    Com carinho, Vanessa.

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