segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pais: esses seres descartáveis

Há poucos dias, escrevi um texto falando sobre a felicidade centrada no trivial. Ontem, um domingo quente de verão, fui contemplada, mais uma vez, com a varinha de condão da fada felicidade.

Abrindo a minha caixa de e-mails, deparei-me com um, cujo assunto era: "Amiga, vedete de palestra."

Claro que a minha curiosidade acelerou o ritmo de meu doidinho coração. Abri e deparei-me com estes escritos: "Amiga querida, chamo-me Rosália Pinheiro e assisti a uma palestra sua em Chapecó, Santa Catarina. Fiquei, como todos os presentes, encantados com o seu desempenho. As três horas daquele maravilhoso encontro voaram e pareceram minutos. Um verdadeiro show. Mas o motivo deste e-mail não só para dizer do meu encantamento por você. Além de lhe oficializar que sou uma seguidora de seu blog, o que vou lhe relatar, com certeza, a deixará contente. Na semana passada, inscrita em um congresso internacional sobre saúde e educação, em Belo Horizonte, o palestrante abriu a palestra apresentando um texto lindo seu: Pais: esses seres descartáveis e que serviu de tema para toda a palestra. No fim do encontro, fiz questão de dizer a ele que a conhecia e de que iria informar-lhe de que seu artigo ilustrou maravilhosamente bem o encontro

Quando vi o seu nome, fiquei emocionada. Então me dei conta de quem sabe valorizar a sua passagem, deixa marcas profundas na vida da gente.

Um abraço. Rosália Pinheiro"

Claro,  também, que mandei uma resposta agradecida e emocionada a ela.

Faceira que nem ganso em taipa de açude, corri atrás do texto e PIMBA! Ei-lo aqui outra vez. 



Quando os nossos filhos nascem, de atores principais, passamos a coadjuvantes no intrincado e temperamental cenário que é a vida. No convívio com eles, passamos a interpretar os mais variados papéis de acordo com as circunstâncias. No alvorecer de suas escaladas, somos os guardiões incansáveis de seu desenvolvimento. De nós depende a satisfação de suas mais rudimentares necessidades: alimentamos, protegemos, amamos, ensinamos a eles os primeiros passos e palavras. São nossos reféns. Se falharmos, sucumbirão.

À medida que vão crescendo, criando asas, cedo procuram espaços mais amplos para se constituírem e alçarem voos tímidos e incipientes. Antes, senhores exclusivos de seu crescimento, passamos a exercer um papel secundariíssimo. Escola, professores (se ótimos) e amigos nos eclipsam e se tornam o seu centro de atenção e afetividade. Passamos a exercitar o papel de pagadores, taxistas gratuitos, seres insones e rezadores à espera de que retornem sãos e salvos ao lar.

Crescidos, ganham força e fôlego e anseiam por voejares mais altos e voam para mais longe. Passamos, então, de coadjuvantes a seres subalternos em seu mundo de afeição. Sem nos darmos conta, somos substituídos por amores personificados em um novo lar. Ao casarem, constituem a sua família, da qual passamos à condição de parentes ou de visitantes esporádicos.


Se desempenharmos muito bem o nosso papel enquanto pais, poderemos ser lembrados por eles como seres diferenciados, que merecem determinadas regalias e um pouco do afeto que ainda resta em corações sensíveis. Se formos pais, cuja nota não ultrapasse o regular ou o médio, seremos considerados como estorvos descartáveis, malas pesadas demais para serem carregadas e que devem ser jogadas em algum lugar distante deles.

A lição insofismável e cíclica que a vida nos ensina, e que demoramos muito a assimilar, é a de que agimos, exatamente assim, com os nossos pais.

Em verdade, somente somos valorizados por nossos descendentes e damos o devido valor a nossos gestores depois que os primeiros e nós também tivermos morrido. Se alguém discorda do que escrevi que atire "a primeira pedra"! Metaforicamente, por favor!

Vejam a força que a internet tem! Um escritinho meu servir de tema central de palestra na capital dos mineiros! Viva eu!

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dependendo da posição, o prazer será maior...

Parado em pé, fortalece a coluna.

De cabeça baixa, estimula a circulação sanguínea.

De barriga para cima é mais prazeroso.

Sozinho, é estimulante, mas egoísta. Em grupo, pode até ser divertido.

No banho, pode ser arriscado.

No automóvel, é muito perigoso...

Com frequência, desenvolve a imaginação.

Entre duas pessoas, enriquece o conhecimento.

De joelhos, o resultado pode ser doloroso...

Enfim, sobre a mesa ou no escritório, antes de comer ou depois da sobremesa, sobre a cama ou na rede, nu ou vestido, sobre o sofá ou no tapete, com música ou em silêncio, entre lençóis ou no closet: Sempre em um ato de amor e de enriquecimento.

Não importa a idade, nem a raça, nem a crença, nem o sexo, nem a posição socioeconômica...

Ler é sempre um prazer...

Epa! Estavas pensando em quê?

Recolhi esse texto “enganador” do “Almanaque Gaúcho”, aquela cultural e hilária página do jornal Zero Hora.

Frases para refletir


"Livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive." (Padre Antônio Vieira)

"Levantar o passado é correr atrás do vento." (?)

"O oposto do amor não é o ódio. É a indiferença." (Érico Veríssimo)

"Se você ama algo ou alguém, deixe que parta. Se voltar é porque é seu. Se não voltar, é porque jamais seria." (Willian Shakespeare)

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

VIVER OU EXISTIR


Um dia eu pude perceber que existe uma enorme diferença entre ver e enxergar, ter e ser, ouvir e escutar, andar e caminhar, desejar e querer. Descobri também que viver e existir são coisas inteiramente distintas.

Algumas palavras podem ter o mesmo sentido ou finalidade quando incluídas em uma oração qualquer, parecendo a muitos uma questão de semântica ou de palavras afins. Mas de fato há uma sutil distância entre entender e captar a essência daquilo que nos foi mostrado.

Os fatores subjetivos, aquilo que está subliminarmente compreendido, precisam ser melhor interpretados por quem não consegue enxergar o âmago daquilo que foi exposto. Ninguém menospreze a força do "oculto" que reside nas "entrelinhas", por exemplo. Portanto, quando alguém fala que viu não significa dizer que enxergou o que deveria.

Há distâncias infindas aí. Quando andamos não quer dizer, necessariamente, que caminhamos. Andamos às vezes sem ter o menor objetivo traçado, sem nenhuma meta a ser atingida. E ao ouvirmos um som qualquer não *implica jamais em afirmarmos que escutamos.

Escuta aquele que sente, aquele que busca ouvir o que não foi dito; o que ficou implícito. Há muita gente ouvindo por aí sem escutar absolutamente nada. Esses pequenos exemplos nos remetem à seguinte reflexão: Viver e Existir são fatores completamente opostos.

Existir é o mesmo que passar pela vida sem tê-la vivido de forma correta e intensa. Aquele que apenas existiu esqueceu de se fazer presente no livro da história, digna e plenamente. Simplesmente passou despercebido. É lamentável vir ao mundo e ter perdido a chance de ter vivido satisfatoriamente.

Viver é realizar-se plenamente, sempre voltado às ações que engrandeçam o ser humano. Vive aquele que se sente parte integrante do Universo. Vive quem faz de tudo para ver a alegria estampada na face do outro.

Vive quem pratica só o bem. Viver é amar sempre, sempre! Vive aquele que estende a mão ao amigo que necessita. Viver e Existir são diferentes em essência.

Autoria: Luiz Maia


P.S.: Perceberam que colori de laranja o verbo *implica no texto acima?

Por que fiz isso?

Para lembrar que, mesmo pessoas bem letradas cometem os mesmos erros das comuns, ou seja, daquelas que se esqueceram de estudar ou não tiveram um bom ou boa professora para lhes ensinar as regras básicas de regência verbal. E olhem que esse vício é recorrente!

Resumindo:

O verbo IMPLICAR é transitivo direto e exige como regente um OBJETO DIRETO, que, assim, se chama, porque dispensa as preposições para completar o sentido do verbo regido.

Traduzindo: Na frase do texto  em que esse verbo aparece, o autor jamais deveria ter usado EM.

O correto é: ...um som qualquer não implica jamais  afirmarmos que escutamos. 

Em poucas palavras: quando alguém usar o verbo IMPLICAR = trazer como sacrifício, deve dispensar o em. 

Para os mais leigos: Só IMPLICAR SEM EM! Implicar o quê?

Valeu?

Esta rosa é para vocês se aprenderam a lição.

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Quem de nós dois

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Procura-se um amigo

Adoro o texto abaixo. Já o havia apresentado aqui. Hoje, reedito-o.

Procura-se um amigo

"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa.

Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são sempre enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser,
deve sentir o grande vazio que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.

Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.

Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.

Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."

Dedico esse belo texto a todas as pessoas que sabem ouvir, acolher, acalentar e a um comentarista muito especial que tem servido como meu "confessionário" ...

(Sempre adorei Vinícius de Moraes, a quem creditam a autoria do texto. Sempre fui fã incondicional desse diplomata, poeta e compositor. Minha admiração era tanta que chamei de Vinícius o meu segundo filho. É a ele, filho amado e amigo em qualquer tempo, que também dedico o texto.)

(Será um poema? Para mim, é. Dizem que não foi escrito por Vinícius e, realmente, não consta na antologia dele e nem apresenta as características  notórias que sempre imprimiu em sua obra literária.)

Coisas da internet... 


Flores para homenagear os meus Vinícius!


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