domingo, 21 de março de 2010

E o Vento Levou... ainda um sucesso 60 anos depois...

Os Bastidores das Filmagens

No dia 1º de julho de 1939 foram encerradas as filmagens de “... E o Vento Levou”. No final, o produtor David O. Selznick tinha 28 horas de projeção, com cerca de 60.000 metros de filme.

Diante de tanto material, Selznick trancou-se por vários dias com o montador Hal C. Kern e o seu assistente James Newcom. A montagem foi feita sem que nenhum dos cinco diretores (Victor Fleming, George Cukor, Sam Wood, William Cameron Menzies e Sidney Franklin), fosse consultado.

Feita a montagem final, Selznick chamou Vivien Leigh de volta aos sets e filmaram a cena que Scarlett, abandonada por Rhett durante a fuga de Atlanta, esconde-se com a carroça debaixo de uma ponte, durante uma tempestade, enquanto uma tropa de nortistas passava sobre a mesma.

Estava concluído o filme que se tornou símbolo do glamour do cinema na sua época de ouro.

Vários foram os que o dirigiram. Primeiro foi George Cukor, responsável por 4% do filme, principalmente pelo início. Victor Fleming substituiu Cukor, dirigindo 45% de
“... E o vento Levou”. A sua direção foi contestada pelas atrizes Vivien Leigh e Olivia de Havilland, que passaram a ensaiar em sigilo na casa de Cukor.

Diante dos aborrecimentos com as atrizes e da pressão das reclamações de Selznick, Fleming teve um colapso nervoso, sendo substituído por Sam Wood, que assumiu a direção em 1º de maio de 1939, dirigindo 15% do filme. Fleming recuperou-se, quando voltou, Wood continuou na direção, ambos em horários diferentes das filmagens. Também dirigiram
“... E o Vento Levou”, William Cameron Menzies e Sidney Franklin. Somente o nome de Fleming foi creditado.

Apesar de tantas trocas na direção, o filme, em momento algum, perdeu a coerência, tornado-se um patrimônio do cinema. Graças a uma montagem coesa, estas diferenças de estilos de direção desaparecem ao longo das quatro horas de duração, sem deixar que se torne cansativo.

Os diálogos de “... E o vento Levou” produziram frases célebres e antológicas, disseminadas por todos aqueles que o assistiram.

A trilha sonora, composta por Max Steiner, é símbolo de reconhecimento aos ouvidos das mais diferentes gerações que se deixaram seduzir pela saga de Scarlett O’Hara. Finalmente, a fotografia, pioneira na época, traz uma concepção pictórica, traduzida em um fenomenal uso do Technicolor, fazendo do filme um primor técnico que não se desgastou ao longo das décadas.

Nunca uma escolha, diante de centenas de opções, de uma atriz foi tão perfeita quanto à de Vivien Leigh para interpretar Scarlett O’Hara. O olhar de fogo da atriz deu ênfase ao temperamento da personagem, uma mulher mimada, voluntariosa, manipuladora e de uma sedução irresistível. Reza a lenda que a atriz não suportava as cenas de beijos com Clark Gable, culpando um suposto mau hálito do ator.

Intrigas a parte, a química dos atores fez do filme uma história apaixonante, mesmo diante de um amor que se distancia cada vez mais das personagens, que quando aumenta de uma das partes, repele a outra, criando um jogo de impossibilidades diante dos sentimentos. A atriz recebeu vinte e cinco mil dólares pela atuação no filme, em contrapartida com os cento e vinte mil dólares recebidos por Clark Gable. Mesmo diante da diferença salarial, Vivien Leigh viveu a mais fascinante das mulheres do cinema, ganhando o Oscar de melhor atriz por esta excepcional atuação.

Além do Oscar de melhor atriz, o filme arrebatou mais nove estatuetas: melhor filme, melhor diretor (Victor Fleming), melhor atriz coadjuvante

(Hattie McDaniel), melhor direção de arte, melhor edição, melhor fotografia, melhor roteiro, Oscar honorário para William Cameron Menzies e Oscar técnico para Don Musgrave. Além dos prêmios, recebeu outras cinco indicações, entre elas a de melhor ator (Clark Gable) e melhor atriz coadjuvante (Olívia de Havilland).

Hattie McDaniel foi a primeira atriz negra a receber um Oscar, ironicamente ela não pôde comparecer à estreia do filme em Atlanta, justamente por ser negra.
“... E o Vento Levou” foi o primeiro filme colorido a receber um Oscar.

À época, a produção de “... E o Vento Levou” custou mais de cinco milhões de dólares, tendo alcançado quatro anos depois do seu lançamento, uma bilheteria de mais de trinta e dois milhões de dólares. Continua a ser o filme que ainda gera lucros em suas exibições pelo mundo.

Outros filmes foram lançados como continuação de “...E o Vento Levou”, mas passaram despercebidos diante da sua mediocridade e ante a grandiosidade do original. Acadêmico, repleto de mensagens de racismo, duração quilométrica, nada disso ofuscou o carisma do filme, a sua beleza épica, tão pouco diminuiu a força telúrica das suas personagens. O filme é o mais pleno retrato de uma Hollywood repleta de glamour, e é, principalmente, a face iluminada de um fabricante de sonhos, o genial produtor David O. Selznick.

Ficha Técnica:

... E o Vento Levou

Direção: Victor Fleming
Ano: 1939
País: Estados Unidos
Gênero: Drama
Duração: 241 minutos / cor
Título Original: Gone With The Wind
Roteiro: Sidney Howard, baseado no livro de Margaret Mitchell
Produção: David O. Selznick
Música: Max Steiner
Direção de Fotografia: Ernest Haller e Ray Rennahan
Desenho de Produção: William Cameron Menzies
Direção de Arte: Lyle R. Wheeler
Figurino: Walter Plunkett
Edição: Hal C. Kern
Estúdio: Selznick International Pictures
Distribuição: MGM

Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie Howard, Olivia de Havilland, Hattie McDaniel, Thomas Mitchell, Barbara O’Neil, Evelyn Keys, Ann Rutherford, George Reeves, Fred Crane, Butterfly McQueen, Victor Jory, Everett Brown, Howard C. Hickman, Alicia Rhett, Rand Brooks, Carrol Nye

Sinopse:
Uma reunião social acontece numa grande plantação na Georgia, Tara, cujo dono é Gerald O'Hara (Thomas Mitchell), um imigrante irlandês. Na mansão está Scarlett (Vivien Leigh), sua bela e teimosa filha adolescente. Scarlett ama obsessivamente Ashley (Leslie Howard), o primogênito do patriarca de Twelve Oaks. Ashley está comprometido com Melanie Hamilton (Olívia de Havilland). Scarlett acha a vida em Tara monótona, mas seu pai diz que Tara é uma herança inestimável, pois só a terra é um bem que dura para sempre. Ela revela um inapropriado comportamento nas festas, apesar das objeções de Mammy (Hattie McDowell), sua protetora escrava.

Em Twelve, Oaks Scarlett é o centro das atenções, em razão dos vários pretendentes que a ladeiam. Mais tarde, Scarlett ouve os cavalheiros discutindo acaloradamente sobre a guerra eminente que acontecerá entre o Norte e o Sul, crendo que derrotarão em meses os ianques. Só Rhett Buttler (Clark Gable), um aventureiro que tem o hábito de ser franco, não concorda com estas declarações movidas mais pelo orgulho do que pela lógica. Um jovem, Charles Hamilton (Rand Brooks), sentindo-se insultado, tenta desafiar Rhett para um duelo, mas ele se esquiva. Scarlett procura Ashley, declarando-se a ele. Ashley diz que ama Melanie, entretanto admite que ama Scarlett fraternalmente. Ela fica irritada, esbofeteando-o. Ashley deixa a biblioteca. Ela lança um vaso contra a lareira e descobre

que atrás de um
sofá estava Rhett.

Quando Scarlett lhe diz que não é um cavalheiro, Rhett retruca dizendo que ela não é uma dama. Rhett fica atraído pela beleza de Scarlett. Em Twelve Oaks chega um cavaleiro, para dizer que a guerra começou. Charles vai dizer a Scarlett que a guerra foi declarada, com todos os homens indo se alistar. Enquanto via Ashley se despedir de Melanie, Scarlett ouve Charles pedi-la em casamento. Movida pela mágoa, ela aceita e diz que quer casar antes que ele parta. Melanie e Ashley casam-se num dia e Scarlett e Charles no outro. O que Scarlett desconhecia é que o futuro lhe reservava dias muito mais amargos, pois durante a Guerra Civil americana, várias fortunas e famílias seriam destruídas.


Fonte: www.falhanossa.com

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