quinta-feira, 11 de março de 2010

Victor Hugo, o escritor francês


Sempre que recebo uma mensagem bonita, corro logo para reproduzi-la neste blog. O poema "Desejo", do escritor francês Victor Hugo é um texto que, quando o lemos, vivenciamos, por inteiro, cada palavra.E quando o ouvimos através de uma bela voz, nossa!

Com um carinho muito especial a todas as pessoas que me visitam, dedico esse belo poema.


Desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconsequentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar

E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo

Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.

Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada

Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem

Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar

Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar

E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar.

Quem foi Victor Hugo?

Victor Hugo, autor de "Os Miseráveis" e "O Corcunda de Notre Dame", entre outros, era filho de Joseph Hugo e de Sophie Trébuchet. Nasceu em Besançon, mas passou a infância em Paris.

2 comentários:

  1. Arlete,tenho a maior admiração pelo Paulo Sant'Ana,considero o melhor colunista do Brasil,nada tem a ver com o seu lado gremista,embora existam cabecinhas que não o aceitem por seu lado futebolistico.Hoje,deves ter lido,ele foi demais,o final da coluna "Cultive um amigo,se é que se possa cultivá-lo,se é que essa atração que o move não seja simplesmente natural e espontânea.Agradeça ao seu amigo,embora ele exista independentemente de qualquer agradecimento ou homenagem.Quando se dedica,não está em busca de gratidão,ele so é amigo porque é da sua vocação telúrica a amizade.Procure saber se você tem,no seu circulo de amizades,um amigo.Se o tiver,só assim a vida terá sentido" Outra coisa, a coluna do Sant'Ana tem servido de trincheira para muitas lutas em beneficio dos desamparados pela sorte.

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  2. Meu bom amigo:
    Realmente, o texto é lindo. Ainda não o havia lido. Nele, a fotografia psicológica de um amigo de verdade está registrada. Só o Sant'Ana mesmo para tecer essa imagem tão magnífica. Faço minhas as palavras de Paulo, porque é assim que também idealizo o(a) verdadeiro(a) amigo(a). Posso afirmar-te que te ajustas perfeitamente a essa descrição tão bem detalhada por esse colunista maravilhoso. (Que, para sorte minha, é gremista também!)
    Um abraço muito amigo.

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