Palavras ao Vento é fruto de uma necessidade interior de corrigir deslizes orais ou escritos, presenciados no cotidiano; mostrar a urgência de se fazer da educação prioridade nacional; discorrer sobre trivialidades, mostrando o porquê disso ou daquilo e destacar a força que a palavra tem naqueles que captam o sentido das entrelinhas.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Histórias que vivi 4
"A gente narra a procura de um sentido. A gente narra para provar que tudo não passa de um sonho." Motivada pelas palavras de José Pedro Goulart, resolvi continuar com as histórias engraçadas das quais fui personagem principal e as trapalhadas que já protagonizei. A que vou contar hoje, se eu não fosse a protagonista, misto de Carlitos e Didi Mocó, internar-me-ia por doida, tantas são as situações diferenciadas que já vivi.
Casada há pouco tempo, sempre que me sobrava um espaço no tempo, dedicava-o para visitar minha mãe, minha sogra, Ironda, a cunhada da outra história e três tias de meu marido. Estas, apesar de serem pessoas generosas, eram mil vezes desconfiadas. Tudo as melindrava. Com ou sem defeitos, por todas elas dedicava um afeto sem medidas. (Adorava chimarrear com elas e questioná-las para saber sobre tudo o que acontecia na cidade.)
Raramente recebia visitas, os que me amavam, sabiam o quanto trabalhava e quão preciosos eram os momentos em que podia curtir o meu novo lar e o meu marido. Tudo corria na mais santa paz até que, num sábado à tardinha, parecendo que haviam combinado, apareceram, para me fazerem uma visita, todas as pessoas que enumerei acima. A sala de meu apartamento, embora de bom tamanho, ficou pequena ante tantas visitantes.
Conversamos animadamente, trocamos receitas, imaginem o burburinho com tantas mulheres reunidas. Tudo corria muito bem. Agia como a mais dedicada das donas de casa. Minha mãe sorria feliz com meu brilhante desempenho. Minha sogra, vez ou outra, dava-me uma alfinetada, mas eu era, imediatamente, socorrida pelas tias, que faziam todo o empenho para me demonstrarem o quanto me amavam. Tudo ia muito bem até que... tive uma recaída.
Sem mais nem menos, levantei-me e, até hoje não consigo lembrar o que me impeliu, fui me despedindo de todas as visitas. Abraçava-as e dizia assim: “Tchau, mimosinha, amanhã apareço de novo! Não te esqueças de me esperar com um chimarrãozinho gostoso!” Finalizada a última despedida, dirigi-me à porta e, quando estava na metade da escadaria que dava acesso à rua, encontrei-me com meu marido que me perguntou: “Onde tu vais?”. Surpresa, saio-me com esta: “Para casa, ora!?” Ele: “Mas a tua casa agora é aqui. A mãe e as tias ainda não chegaram?”
Foi justamente naquele instante que me dei conta de que eu não estava na casa delas e, sim, na minha. Não sabendo onde meter a cara, pedi aos céus que abrissem uma cratera sob os meus pés, que era o único lugar seguro onde eu poderia me esconder, tamanha era a vergonha que estava sentindo. Como sempre tive “jogo de cintura” e não querendo mostrar esse lado obscuro de minha existência ao meu jovem marido, tentei remendar o estrago com um retorno, se não o mais convincente, pelo menos o mais engraçado.
Com a maior cara de pau, retornei onde ainda permaneciam as minhas amadas mulheres. Acredito, sem entenderem absolutamente nada do porquê de minha estabanada saída. Fingindo que estava brincando, tentei remediar assim: “Meninas! Tchan Tchan Tchan! Surpraisi! Olhem quem chegou!? Fingi que me despedia de vocês só para trazer o César até aqui.” Se, naquele momento, elas acreditaram, não sei. O que me lembro é de que ri do acontecido por muito tempo. E, depois de muito tempo também, foi que tive coragem de contar para elas que não estava brincando. Informei-lhes que, naquele momento, eu me senti na casa de cada uma delas... Isso, só Freud explica!
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Bom Dia querida prima!
ResponderExcluirEspero que todos os teus estejam muito bem.
Realmente gostei muito dos teus escritos, principalmente a da troca do
"defunto".Muito legal essa tua idéia de ires acrescentando estas passagens.
Gosto muito de visitar teu blog, pois quando faço isto, não sei explicar o que acontece comigo,
mas a impressão que tenho, é que estou adentrando nossa família Gudolle. Não sei se
são essas as palavras corretas,mas tudo o que dizes,me acrescenta alguma coisa,não sei te explicar
bem o que é. É uma sensação me parece,de uma ligação muito forte com o passado, sei lá..
Bem, até mais.
Grande Beijo,
Marilia.
Oi, adorei a história do funeral trocado, mas a de hoje está maravilhosa tb. Não só ri como gargalhei apesar de "minha alma pagã" com classifica ela.
ResponderExcluirAbçs.
Mana que bela comediante darias hein?
ResponderExcluirestou rido de doer a barriga, ahahahah!
Minhas colegas já sabem que não pirei é mais uma das estórias da irmã.
Mil Bjus
Estou viciada no teu blog. Todos os dias tenho de dar uma espiadinha.
Adejane
mana tens que contar também aquela do fusca amarelo que saimos para esperimentá-lo, bem faceiras passamos a rua da praça e fomos em direção ao Tamiosso, depois passando a casa dos Guerra o carro parou de funcionar e tu não sabias como ligá-lo de novo, e ficamos horas correndo para cima e para baixo naquele lançante, quando chegave em cima voltava de novo e ninguém na rua para ajudar. E o carro não pegava pois tu tinhas tirado a chave do mesmo. Que mico! E eu bem companheira e faceira paguei-o junto. Mas não vou esquecer de que foi um dos dias mais felizes de minha vida pois minha mana estava conquistando a independência financeira e a liberdade de ir e vir... ahahah. Nem senti vergonha de tanto orgulho que eu tinha por tua conquista.
ResponderExcluirBeijão
Jane querida:
ResponderExcluirTambém eu viciei na espera de teus comentários. Fico feliz com o que escreves e vou adorar mais ainda se divulgares o meu blog entre os teus amigos reais e virtuais.
Podes acreditar. Essas histórias aconteceram. Dou uma enfeitada no palavrório, mas os fatos sem fotos são realíssimos.
Estava me lembrando dos preparativos dos desfiles da Semana da Pátria. Coisa linda o que fazíamos, ainda recordas? Será que não daria uma boa postagem? Lembras de eu grávida do Rodrigo, subindo no sótão do Clube União para "roubar" as pombas que voariam na abertura do desfile de 150 anos do Brasil? Isso também dá uma história e tanto!
Irmãzinha:
ResponderExcluirEssa do fuca não me lembrava. Coisa louca essa minha vida de trapalhona! Quem pensa que fiquei assim por estar envelhecendo, muito se engana. Desde criancinha fazia minhas estrepolias. (Tenho uma história com a Irmã Carmela, do 1ºano de colégio que é um primor. E as mancadas que a Isa dava por ser extremamente sincera? Só que essas não me animo a escrever, pois ela fica furiosa comigo e afirma que estou inventando.)
Adorei.....mais uma sensacional....beijão!
ResponderExcluirÓtima, ótima, ótima...!!!!...rs... Beijoooo! :D
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