Palavras ao Vento é fruto de uma necessidade interior de corrigir deslizes orais ou escritos, presenciados no cotidiano; mostrar a urgência de se fazer da educação prioridade nacional; discorrer sobre trivialidades, mostrando o porquê disso ou daquilo e destacar a força que a palavra tem naqueles que captam o sentido das entrelinhas.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Histórias que vivi 2
Continuam as histórias de minhas crianças.
AUTODIDATA
Quem é casado, é pai ou mãe, amigo ou parente de professora, ainda mais se leciona Português, vai entender, muito bem, os fatos que vou narrar.
Mesa tomada de provas para serem corrigidas, aulas a preparar. Filho exigindo atenção. A baderna está montada! Cenário perfeito para cenas insólitas.
Por que os filhos herdam características que consideramos negativas? Pois o meu menino era, como eu, nada chegado a um bom sono. Se eu ia dormir tarde, o piá queria ir também. Se eu me levantasse cedo, Pimba! Lá se vinha ele. E exigindo atenção como é a normalidade entre crianças.
Para mantê-lo ocupado, dava-lhe as revistinhas do Pato Donald, do Mickey, da Mônica e livrinhos de história para olhar e, entre a correção de uma prova e outra, lia partes das historinhas. Interrompia-me para perguntar:
-Mãe, me mostra o “ma” de macaco! Ou: onde está “pe” de pedra e assim íamos os dois. Eu corrigindo provas, lendo partes das revistinhas, ele me perguntando onde ficava...
Na época, tínhamos um fusquinha, (lembram daquele adorável carrinho da Volkswagen?) e o garotinho ficava todo faceiro de ir sentado no banco traseiro para poder olhar melhor tudo por onde passávamos.
Parados em frente a uma loja, o garoto começou a soletrar em voz alta:
_ PE-RRA–NA-BU-CA-NAS.
Meu Deus! O guri estava lendo!
A loja que mencionei era um das PERNAMBUCANAS. Desde então, a tradicional pergunta “ mãe, me mostra...” já fazia parte da rotina da casa.
E o danadinho tinha apenas três anos. Praticamente aprendera a ler sozinho.
Coitada da professora do jardim de infância! (O pré , série inicial, sei lá...). Mas essa história conto depois.
AS CUIAS DO VOVÔ
Numa estante da casa, o meu marido guardava, carinhosamente, algumas cuias de chimarrão que pertenceram a seu pai. O gurizinho, mimado como todo filho único (na época, nem sonhava em ter mais filhos), fazia uma gritaria danada por que queria brincar com o herdado.
Por serem objetos de adoração, não permitíamos que ele os pegasse. As brigas eram certas e o pai, engrossando a voz como só os homens sabem fazer, dizia-lhe estar furioso porque não queria que ele brincasse com aquelas cuias.
Numa noite em que roncavam trovões e raios riscavam o céu, o garotinho perguntou-me o que era aquilo. Sem ter uma resposta mais criativa, lasquei esta:
- É o Papai do Céu que está furioso!
O menino com a voz mais pausada e surpresa possível:
-Vai ver que é uma briga feia do Papai do Céu com o vovô Olintho por causa das cuias!
Criança diz cada uma!
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Adoramos todos nós,visitantes,que continues as narrativas sobre seus filhos,creio ser importante esta liberdade que demonstras aos teus amigos mostrando o teu dia a dia,bem melhor,segundo meu juizo,se fores dissertar sobre a mudança do nosso vocabulário.A internet é muito ativa ela necessita ser volatil,as pessoas procuram algo que toque seu intimo.Abraços
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmigão:
ResponderExcluirObrigada pelo incentivo.
Tenho as minhas fases: na de introspecção, leio tipo doida; na de trabalhar, esqueço de dormir; na de confeccionar, teço minhas vestes. Na de rememorar, comovo-me com o que já vivi e escrevo... Agora estou na de blogar... Pelo menos as férias servem para alguma coisa. Entre as fases, só não deixo de ser feliz e apaixonar-me pelo que estou fazendo. Eis o segredo...!
Um abraço.
Arlete
Este comentário foi removido pelo autor.
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