Quando a saudade aflora à alma,
sinto uma insistente vontade de remexer no passado para extrair do baú das
lembranças algo marcante que vi ou vivi. Nessas horas ladinas, nem sempre
forjadas em brilhos, olho para o azul esbranquiçado do céu e me recolho no
presente, porque aqui é o meu lugar. Nessas reminiscências, aprendi a exorcizar
as minhas culpas, já que o peso delas poderia fazer trôpega a caminhada. Se
recordar é viver duplamente, prefiro alar os pensamentos e banhá-los com o mais
ardente verde da esperança a me reportar ao que não queria ter visto ou vivido.
Então, recolho as palavras e as borrifo no papel para lhes dar uma nova
roupagem.
Esse é um poder que administro
com cuidado para não melindrar o leitor ou o ouvinte e não me fazer menor ante
o lido ou o recordado. Mesmo com cautela, às vezes, articulo expressões e
frases das quais venho a me arrepender. Então me reporto ao silêncio com o seu peso
em ouro, procurando me redimir pela articulação das palavras que têm o singelo
valor da prata. No entanto, quem ouviu ou leu o que não queria, jamais esquece
o articulado impróprio. E não perdoa, recorda o dito, joga com as emoções do
pecador, sem piedade.
Nessas situações, se fazem latentes
duas máximas muito fortes. A primeira é aquela em que uma pessoa pode acertar
mil vezes, mas o que fica, macula a existência dela, se propaga no tempo é,
talvez, um único erro cometido. A outra, penetrante como a mais afiada das
adagas dos samurais, adverte o pecador de que se errar uma vez, a culpa é minha.
Se o erro se repetir, a culpa é sua. Se continuar errando muitas vezes, talvez,
não mereça a redenção...
Pensem nisso! Um EXCELENTE DIA, QUERIDOS e QUERIDAS!
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