A primavera vai chegando bem de mansinho, temerosa de se infiltrar no fim do frio do inverno. Para saudá-la, publico um pedaço do conto "O inquietante perfume de cravos", que usei como título do meu primeiro livro.
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Adorava a primavera porque a via como um ente indelével, que não maltrata. Acaricia, aconchega, espalha perfumes e cores pelos jardins das casas, exibe-se majestosa pelas praças, pelas janelas e se esparrama pelo campo. Chega como uma mocinha tímida, enfeitada com raras flores. Depois, eclode em policromia e olores que se espalham pelos ares, adentram-se pelos narizes e casas, reascendendo o afeto entre enamorados ou desiludidas como ela. Porque generosa, a primavera não poupa beleza e candura na diversidade das rosas, dos lírios, das orquídeas e de todas as flores mais lindas que ousam nascer, crescer e se apresentar em solo primaveril. Tudo se passava pela mente de Maria Júlia como um filme que via e revia, enchendo a cabeça de imagens e cores só para não pensar na atitude que deveria tomar e que vinha protelando há longa e sofrida noite e, quando o sol sorria para a manhã, tivera que viver um dia interminável.
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Que venha, pois, a PRIMAVERA, a linda Estação das Flores!
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