Um dos fenômenos mais dignificantes da espécie humana é sua capacidade de crer em que milagres podem fazê-la emergir do caos em que se encontra. Quando tudo parece perdido, a esperança renasce no coração dos homens e, com ela, surgem perspectivas de salvação. Nesse momento em que o Brasil se vê assolado por tantas denúncias de corrupção e o descrédito nos dirigentes que se apregoavam protótipo da ética, da moralidade e da decência no cuidado com a coisa pública eclode, a única solução salvadora é pelo investimento intensivo na educação das crianças.
Se a sociedade, em todas as estratificações, volver os olhos para os pequenos e se os educadores perceberem a oportunidade que está surgindo, saberão fazer do ato educativo o lume de mudanças, estratégia para salvar o país e extirpar de suas entranhas os malefícios causados por maus gestores políticos. Fazendo aflorar, nas mentes inocentes, a importância da honestidade, da ação solidária e participativa, aliada à competência, à disciplina e ao amor, juntos podem construir uma nova pátria.
Interligando todas as disciplinas, os educadores devem ensinar que somar, diminuir, multiplicar e dividir precisam ser conjugados por todos, a fim de que não mais se multipliquem os ignorantes, que a adição não seja mais a soma de corruptos e embusteiros, a divisão deixe de dividir o muito entre bem poucos e a subtração não mais surrupie o pouco dos que pouco têm. Que todos aprendam a fazer a leitura de seu cotidiano, a ouvir os ditames da decência e da honestidade, tenham voz e vez para escrever a sua própria história e a identificar o espaço geográfico no mapa do dinamismo, da reconstrução permanente, visto como lugar a ser ocupado e preservado por todos.
Que os educadores permitam aos alunos falarem, questionarem e redescobrirem a si e ao Brasil, apreendendo a forma como os homens conceberam a história, aproveitando as lições que dignificaram ou denegriram o passado para não repeti-las no presente. Que o conhecimento científico esteja a serviço e ao alcance de todos, irmanando gente e natureza, para conquistá-la, dominá-la, transformá-la, sem destruí-la. É urgente que os professores aproveitem a crise atual e redimensionem a práxis educativa, elevando a auto-estima sua e dos estudantes, ouvindo-os e deixando-os falar, despertando-lhes a consciência crítica e a criatividade, mostrando-lhes que, do crescimento individual, poderá emergir um novo país.
Que, do agir docente, surjam crianças e jovens questionadores, ciosos dos múltiplos deveres para consigo e para com a nação, com forças revigoradas para, juntos com o povo despertarem esse gigante tristemente adormecido, levando-o a se transformar numa pátria humanizada e decente, capaz de acolher pessoas honestas em seu seio e, em seu abundante solo, prospere a PAZ, a ORDEM e o PROGRESSO para todos os brasileiros.
O texto acima foi escrito por mim e publicado dia 24 de setembro de 2005, no Jornal Zero Hora, na página 13.
Se o tivesse escrito hoje, precisaria mudar alguma das frases que escrevi no texto há quase cinco anos? Por isso repito o questionamento: o Brasil tem solução?
Para refletir:
"Quando duas mãos se encontram, refletem no chão uma sombra da mesma cor." (Tony Tornado)
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