terça-feira, 30 de outubro de 2012

Educação de qualidade, um sonho?



A necessidade de se encontrar alternativas para a implantação de ensino de qualidade encontra respaldo na campanha A educação precisa de respostas. O grupo RBS, ao propor um processo intelectual integrado e crítico, lança à sociedade questões pertinentes sobre os reais motivos que têm resultado em tentativas inúteis para a formação integral do aluno, propondo mudanças importantes no ato de ensinar.

Para se compreender as causas que emperram o surgimento de ensino de qualidade, deve-se retroceder ao Período Colonial quando houve a preocupação em europeizar a cultura nativa; rememorar fatos como a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal; a nebulosa fase da cultura brasileira durante a instauração da República; a anarquia do ensino entre 1832 a 1889; a criação da Universidade no século XX, cópia fiel de paradigmas da cultura da Europa; as últimas e desastradas reformas de ensino; a despreocupação de entidades pedagógicas na preparação do professor; os baixos salários deste e o alienamento de famílias com a educação de filhos.

Sonhar com educação de qualidade implica questionar se os ensinamentos oferecidos correspondem aos reais objetivos da aprendizagem e se o ato de ensinar visa à atuação do professor com competência e satisfação pessoal. Pessoas que anseiam por mudanças devem questionar se a educação está direcionada à formação de seres autônomos, transformadores da realidade ou serve como instrumento multiplicador, responsável pela manutenção de um protótipo cujos resultados são decepcionantes. Acrescenta-se que, se não for analisada a verdadeira função das escolas, o tipo de preparação que é dispensada ao professor e o real papel que deve desempenhar junto aos alunos, nada mudará.

Se persistir o modelo de educador que ensina palavras despersonalizadas pela repetição automática, desvinculadas do mundo do aluno, se agir como centro propagador do saber, o que opta e orienta a ação, escolhe o conteúdo, não incentiva o pensar criativo e crítico, não se vale de recursos midiáticos e de técnicas pedagógicas envolventes, não ocorrerá mudança. Se o aluno for visto como um ente ignaro, mero paciente da ação educativa, elemento de adaptação e ajustamento, incapaz de se responsabilizar pela transformação de contexto adverso em que vive, para ser autor de sua própria ascensão social, não se poderá pensar em educação de qualidade.

No país, há um paradigma de educação centrado na forma de pensar e agir dos setores dominantes. Isso faz com que os professores se envolvam em ensinamentos que não preparam os alunos para a vida, pois atuam visando à preservação da cultura imposta e do conhecimento universal sem, no entanto, atingir uma dimensão mais autêntica, permanente, crítica, criativa, responsável por crescimento intelectual abrangente. Sem isso e sem priorizar a educação, quem perde é a sociedade.

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