quinta-feira, 7 de março de 2013

 
 
Bom dia, BOM DIA!

Este é o começo do conto "Cartas de amor", um dos mais bonitos do meu livro, "O inquietante perfume de cravos".

Confiram.

Existe, em cada pessoa, um pouco de borboleta. Umas nascem crisálidas e vão se transformando aos poucos, embelezando-se quanto mais aprimoram a sua essência. Outras nascem belas, coloridas, radiantes, até que vão murchando. Lentamente. De seu constante def...inhar, delas, só resta o casulo, o lado mais feio do belo inseto, que morre e nasce, junto aos passantes distraídos, num rápido bater de asas. Tal como a metamorfose que sofre a borboleta, viver é um fato e um ato de renovação permanente. Morre antes quem não aceita viver intensamente em vida ou se recusa a aceitar o bom e o ruim, o alegre e o triste, o crime e o perdão. Tudo misturado, formando o amálgama trivial de que somos feitos: nervos, fibras, carne e ossos, sangue, suor e lágrimas. A carcaça pode não ser bela se o interior é radiante. A palavra pode ser cruel se for dita com a mordaz intenção de ferir. Um olhar mais penetrante, um sorriso inesperado, uma atitude compreensiva, uma palavra sussurrada ao vento podem contribuir para a cura de corações dilacerados. Um bom dia proferido com ênfase pode servir de bálsamo a quem se sente só mesmo estando rodeado de faces que riem, mas se mantêm inexpressivas, murchas, desprovidas da seiva da vida.

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