domingo, 16 de setembro de 2012

Temos motivos para festejar o 7 e o 20 de Setembro?




As homenagens à  Pátria terminaram e a Semana Farroupilha está se aproximando do final. Bastava a evocação desses eventos em passado não muito remoto, para que aflorasse o amor incondicional pelo Brasil e pelo Rio Grande do Sul. Hoje, quando proliferam, na televisão, jornais e revistas, denúncias sobre mensalão, assassinatos, descaso com a saúde, derrocada da educação, drogatização ascendente, violência de toda a espécie, dentre outras, muito pouco há para festejar. Apesar do contexto negativo, pessoas sensíveis não precisam de muita coisa para se ufanar do chão mesmo que incontáveis situações conspirem contra o senso pátrio. Palavras significativas e gestos concretos despertam nelas a força imperiosa e telúrica que lhes deveria ser contumaz e inerente.

É preciso que algo aconteça como uma data importante, para que aflore o orgulho de terem nascido em determinado lugar e percebam que a pátria não é só um determinante da nacionalidade. É o solo onde plantam afetos, as pessoas com quem interagem e o singelo prazer de cultivarem flores. É a magia do labor diário, a saudação entusiasmada a desconhecidos mesmo que tímida a resposta, a sensação do dever cumprido. É o elogio desinteressado, o abraço caloroso, as despedidas na certeza do reencontro, o prazer gerado pela prática do que é correto e a generosidade compartilhada. Pode ser a pressa que as contagia, a vontade de pular etapas para mais rápido chegarem ao almejado, o arrependimento de não terem tentado, a emoção vivenciada com a vitória de muitos brasileiros dentro e fora do país, a saudade dos ausentes, as lágrimas vertidas, o esquecimento do prometido e os perdoáveis deslizes do cotidiano.

São reminiscências e estranhas realidades que fazem doce o sabor da vida. Se atitudes triviais causam euforia deixando-as mais apaziguadas, imaginem o rufar de tambores anunciando a passagem de escolares desfilando garbosos em homenagem à Pátria, o som de violas e gaitas gemendo vanerões e rancheiras ou o trote de cavalos anunciando a Semana Farroupilha. Em dança festiva, imaginem cada cidade, cada estado, todo o país ufanando-se de feitos grandiosos de sua gente pela eliminação das vilanias, pela percepção do povo educado, saudável, seguro, realizado usufruindo de benesses geradas pelo progresso, sentindo-se orgulhoso de si e de seu país, não apenas no 7 ou no 20 de Setembro, mas em todos os dias.

Os brasileiros conscientes da realidade não querem ver o Brasil, seus estados e suas cidades com poucos motivos para festejos porque o desejo deles é vivenciar a Ordem e o Progresso apregoados na bandeira. O que gaúchos sonham, como Sepé Tiaraju, é bradar, com galhardia, este chão tem dono! – almejando que o Sul retome a condição pioneira de celeiro nacional. Se surgirem genuínos salvadores da Nação e autênticos propulsores do desenvolvimento, terão sobejos motivos para festejar qualquer semana.

2 comentários:

  1. Espetacular, amiga. Digno de Zero Hora.
    Abçs.
    Jorge

    ResponderExcluir
  2. Oi, comentei como anonimo pq ñ consegui de outro jeito.
    Eu de novo

    ResponderExcluir