quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sorrir por nada...


Bom dia, queridos e queridas!

Ando meio sem tempo para comparecer a este espaço. No entanto, pensando no carinho de quem me vista com amiudade, nos encantadores comentários e curtires das pessoas que aqui os deixam, compartilho, abaixo, mais um comecinho do meu conto mais novo.

Em suas faces úmidas de carinho, existia uma ânsia incontida de viver mais, amar mais, sofrer mais, chorar mais e, como se desterrado de um fundo sem fundo, desabotoava-se, de sua boca sedenta de beijos, um inusitado desejo de sorrir mais. E sorria. Sem motivo, sem graça nenhuma, sem ter ouvido nenhum som, eco que fosse. De início, um leve roçar de dentes. Bem de mansinho, apenas um sorriso, levemente esboçado. Depois, espichando os lábios, abria-se a boca por inteiro. Num crescente, ia se avolumando, ganhando graça como se mil palhaços contassem, num uníssono, mil anedotas com mil palavras. Sem pressa, o sorriso ia se contorcendo em novas aberturas de boca.

Dos olhos, jorravam faíscas de cólera e alegria, que se misturavam, retorciam-se, e, do verde cintilante das pupilas, saltitavam pequenas gotas transformadas em pérolas puras, intocadas, virginais. Do espichar de lábios ao sorriso, o som já, há muito, transformara-se em estridente gargalhada. De antes, puro gozo. Numa lufada de tempo, num dia sem tempo, assim, perdido no nada, o riso de gozo e a manifestação da alegria foram se misturando à dor de não saber por que ria. O sorriso, o riso, a gargalhada, as lágrimas de pura euforia mudaram-se, remexendo um mistério bem inculto no cérebro e se transformaram num grito de dor. Os olhos plenos de luz deram-se conta de que o dia amanhecera. Havia chegado à estação da realidade.

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