Palavras ao Vento é fruto de uma necessidade interior de corrigir deslizes orais ou escritos, presenciados no cotidiano; mostrar a urgência de se fazer da educação prioridade nacional; discorrer sobre trivialidades, mostrando o porquê disso ou daquilo e destacar a força que a palavra tem naqueles que captam o sentido das entrelinhas.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Uma outra Porto Alegre
Durante minhas férias escolares, na adolescência, quando conseguia reunir as "economias" necessárias à empreitada, viajava a Porto Alegre e me deslocava sozinha e a qualquer hora, pela capital gaúcha para me encontrar com amigos. Juntos, andávamos por ruas, praças, parques, teatro, restaurantes e cinemas. Assistíamos a tudo o que vão ler abaixo e sem nenhum temor. Realmente, os tempos eram outros... Apesar de posterior ao 1950 de Liberato.
Texto de Liberato Vieira da Cunha
* UMA OUTRA PORTO ALEGRE
"Perguntem a pessoas sensíveis qual foi a época em que elas foram mais felizes e nove em cada 10 escolherão algum lugar do passado. Só uma – e olhem lá – elegerá o momento presente.
Tomem como exemplo Porto Alegre. Leio consternado sobre a legião enorme de crimes que se cometem a cada dia na Capital e na Região Metropolitana. Era bem diverso quando me mudei, guri, para cá na década de 1950. Esta não era então uma cidade em guerra contra si mesma e as páginas do noticiário policial dos jornais davam conta de raros delitos mais graves – e certamente de nenhum movido a crack.
Meu pai gostava de nos levar, minha mãe, meus irmãos e eu, a passear de noite na Rua da Praia. Era todo um espetáculo de luzes, de paz e de beleza. A tranquilidade era absoluta – não se via sequer um batedor de carteiras. As lojas exibiam o esplendor de suas vitrines. Casais transitavam, ou nos passeios, ou nas pedras do calçamento azul e rosa, desde o Hotel Majestic até o início da pequena ladeira que conduzia à Praça Dom Feliciano.
As pessoas costumavam ir ao cinema, não a esses de shopping e estacionamento pago, mas aos que ficavam em plena calçada. Na Praça da Alfândega, então livre de drogados, de marginais e de damas de vida airada, havia o Guarani, o Imperial, o Rio, o Rex, o Central e, pelas redondezas, ficavam outros como o Ópera, o Victoria ou o Rivoli. O Theatro São Pedro dava funções regulares para um público fiel, livre de flanelinhas, e ninguém se atreveria a pichar os monumentos da Praça da Matriz, por sinal um dos lugares preferidos dos namorados nas noites enluaradas.
Aos sábados, os adolescentes compareciam a reuniões dançantes, que por vezes se estendiam até a primeira hora da madrugada, sem qualquer temor para os papais: se os bondes da Carris já houvessem se recolhido a merecido descanso, as ruas eram livres de assaltantes ou de sequestradores-relâmpago. E tinha também os bailes, tipo os da Reitoria, que amanheciam envoltos em ternura.
Falei antes dos bondes da Carris. Como sei algo das coisas da Europa, conheço lugares, como a futurística Frankfurt, onde eles são símbolos de modernidade.
Pois é. Já tivemos bondes, portas giratórias, confeitarias e outros indicativos de civilização. Falta-nos talvez lançar um olhar ao passado, só para concluir que éramos felizes e não sabíamos."
Atenção!
Mesmo podendo me incluir entre as pessoas sensíveis, não sou saudosista, não acho que o passado foi a época mais feliz de minha vida. Ao contrário, a felicidade, para mim, é o hoje, o agora, o tempo atual em que vivo, apesar de todas as mazelas sociais que presencio e as pegadas do tempo que foram chegando devagarzinho e se instalando em mim, embora as possa, ainda, camuflar..
Ainda, hoje, quando vou a Porto Alegre, ando pelos locais mais bonitos dela e sempre a olhando pela janela do carro. Portanto, vejo-a com um olhar descompromissado, encantando-me apenas com suas roupagens mais belas, frequentando locais para lá de seguros. Não sou, por isso, a pessoa mais indicada para lamentar como era no passado e o que perdeu.
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Arlete,sinceramente gostaria de não ter lido o que escrevestes sobre Porto Alegre,insignificante,não precisa ser saudosista,seja reconhecida aqueles que de uma maneira ou outra te acompanharam pelos passeios em nossa capital,talvez estejam pensando que perderam o seu tempo sendo gentil contigo.Desculpe a franqueza.
ResponderExcluirOi, meu Amigo Querido:
ResponderExcluirQuem ficou triste com as conclusões que tiraste dos meus escritos fui eu. O meu filho, blogueiro também, já havia me alertado sobre essa minha postura opinativa em que expresso sentimentos pessoais e espontâneos. Um dia quebraria a cara! (palavras dele), pois muitas pessoas interpretam, erroneamente, o que se escreve. Foi o caso.
Motivo suficiente para fechar as portas deste espaço. Pelo menos, temporareamente, porque agora, cansei... (Ontem, recebi um e-mail, desaforando-me porque escrevi ser a Marianna linda devido à linhagem... Pode?)
Eu já achei fantástico a postagem de hoje...como sempre sábias palavras!
ResponderExcluirbjks!!
Oi, Dani amada:
ResponderExcluirTer uma filha e fã como tu, que incentiva tudo o que faço, que me proporciona tantas coisas boas e gera tamanha felicidade, é motivo suficiente para eu amar o presente acima de qualquer outro tempo.
Amo tudo em ti, cada vez e com maior intensidade!
Vivam nós duas!
Ah! O teu telefonema levou-me às nuvens! Obrigadão!
Milhões de beijos
vc está errada,seja mais humilde
ResponderExcluirOlá:
ResponderExcluirO que eu quis dizer é que não posso concordar com o autor do texto quanto à "Perguntem a pessoas sensíveis qual foi a época em que elas foram mais felizes e nove em cada 10 escolherão algum lugar do passado." Por isso argumentei não ser saudosista. E acho a capital de hoje muito mais linda do que no passado porque "quando vou a Porto Alegre, ando pelos locais mais bonitos dela e sempre a olhando pela janela do carro. Portanto, vejo-a com um olhar descompromissado, encantando-me apenas com suas roupagens mais belas, frequentando locais para lá de seguros. Não sou, por isso, a pessoa mais indicada para lamentar como era no passado e o que perdeu." (Para mim, um baita elogio!) Mesmo por que, ao andar por lá, ou sou acompanhante em compras ou vou a algum grande espetáculo.(O que justifica o olhar descompromissado, jamais indiferente)
Realmente, "as palavras são uma fonte de mal entendidos." (ASE)
(Esse discurso daria uma postagem ou um folhetim).
Volta sempre.
Um forte abraço.
Psiu! Continue sendo o Meu Anjo Número Dois, por favor!
ResponderExcluirEsse cara ai é um chato. Sera q pensa q eh dono do seu blog?
ResponderExcluirQue é isso, Amigo(a)?
ResponderExcluirEste espaço é super democrático e as pessoas podem se manifestar como quiserem, desde que não firam a ética e os bons costumes.
Volta sempre.
Um abraço.
Queridos autores deste Blog eu gostaria de saber o autor da foto do Parque da Redenção com as flores sobre o banco e chão. É lindíssima. Eu postei ela no facebook e gostaria de dar crédito ao(à) fotógrafo(a).
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